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Título: Viagem por Portugal em 1484

Autor: Nicolaus von Popplau - tradução e notas de Virgílio Nogueiro Gomes

Editora: Âncora Editora

ISBN: 978 972 780 827 4

Sempre gostei de livros de viagens. Inesperadamente, mas dentro do hábito de entrar em livrarias, deparei-me com a edição fac-similada do livro de Nicolaus von Popplau, com o título Viaje de Nicolas de Popielovo por España y Portugal, da edição espanhola de 1879, traduzida e anotada por F. R. (Félix Rozanski), e editado por Editorial Maxtor, Valladolid, 2010. Este texto manuscrito, e escrito em alemão, só foi passado a livro em 1806 e publicado pelo jornal Schlesien eheden und jetzt. O original alemão encontra-se na Biblioteca de Santa Isabel em Breslau (Breslávia) na Polónia.

Adquiri-o em Madrid e de imediato comecei a ler. Apesar de já ter tido conhecimento desta obra, procurei saber da existência deste livro em português. Descobri que no livro Portugueses no Estrangeiro, Estrangeiros em Portugal de Paulo Drumond Braga, Hugin Editores, Lda., Lisboa, 2005, há um texto sobre esta obra, resumo do texto integral, e resolvi meter-me na aventura de o traduzir e de o anotar. Referência à obra também encontrei no livro Bibliographie des Voyages en Espagne et en Portugal, de R. Foulché-Delbosc, 1896, e obtive a edição fac-simile desta edição, publicada por Julio Ollero Editor, Madrid, 1991, com introdução de Ramón Alba.

Muito embora o texto original, e os livros publicados, se apresente como um todo como diarística em Portugal e Espanha, optei por apenas traduzir e comentar o texto correspondente a Portugal, pois o seu conteúdo é particularmente interessante e com episódios de uma época sobre a qual pouco se escreveu. E depois, sendo dos relatos de viagem mais antigos sobre Portugal, meti mãos à obra. Luis da Câmara Cascudo (1898-1986) escreveu na História da Alimentação do Brasil, 1983, que transcrevo: “Quem diz do viajante é a bagagem que leva”. Pois Nicolas de Popielovo, como foi traduzido em Espanha, levou muitas memórias desta viagem na bagagem.

Nikolaus nasceu em Breslávia, na Polónia, filho de uma família nobre e rica, desconhecendo-se a data de nascimento e de morte. O seu pai, ficando gravemente doente, repartiu a sua fortuna pelos seus dois filhos e Nikolaus decide viajar. Nikolaus manejava com facilidades as armas e esteve ao serviço de Federico III que lhe deu credenciais para se apresentar aos reis dos países que visitasse. Inicia a viagem pela Europa, e depois de passar pela Inglaterra vem a Espanha (Galiza), atravessa Portugal com fixação de uns dias em Lisboa e Setúbal, e depois regressa a Espanha a partir do Algarve. Regressa depois ao seu país e deixa um testamento considerado invulgar, mas que eu desconheço pois não o consegui encontrar. De imediato, após a viagem a Espanha e Portugal, empreende uma viagem à Terra Santa. Já de regresso adoece em Alexandria e aí faleceu. Não se conhecem os relatos desta viagem.

As curiosidades observadas em Portugal, e a forma como foi recebido por D. João II, são atrativos suficientes para uma leitura atenta. E descobrir como o prestígio dos cozinheiro já era elevado. Por vezes até parece uma novela policial na sequência da briga entre o seu cozinheiro pessoal, que o acompanhava na viagem, e a cozinheira da estalagem na qual se hospedaram. Depois tem sempre a observação da Natureza e do povo português, comparando-o com outros. O autor revela a sua cultura e o seu conhecimento sobre a História de Portugal.

A tradução agora apresentada tentou não alterar o estilo de escrita da edição espanhola de 1879.

© Virgílio Nogueiro Gomes

(Texto da Introdução e Contracapa do livro)

 

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Ilustrações de © Ana Gil