Concursos, Feiras, Festivais, Mercados, Mostras, Provas...!
Todos temos conhecimento da grande quantidade e diversidade de eventos relacionados com a Gastronomia, que proliferam neste País. Ficamos muitas vezes confusos com a designação do evento pois não são claras, nem idênticas, verificando as suas prestações, as designações habituais: concursos, feiras, festivais, mercados, mostras e provas.
Durante a curta existência da Comissão Nacional de Gastronomia ainda se elaborou um regulamento tipo para Concursos, tendo-se realizado um a nível nacional, sem grande sucesso especialmente por falta de meios da Comissão. A sua realização foi possível por generoso, e bem intencionado, voluntariado de muitos.
Muito se tem falado e escrito sobre a gastronomia enquanto elemento diferenciador da imagem turística de Portugal. No entanto é neste âmbito que existe a maior confusão, e logo pela utilização do termo gastronomia que muitas vezes deveria ser substituído por culinária, não havendo uma entidade reguladora que evite esta profusão de linguagem mal utilizada. Seria importante que o grande público entendesse o significado desta terminologia. Para cada evento deveriam estar definidos os seus objectivos e a designação encaixar com as regras estabelecidas pelo Turismo de Portugal, que só as apoiaria quando cumprissem o estabelecido.
Ousadamente proponho algumas definições na esperança que sirvam, pelo menos, para uma discussão sobre o assunto.
Concursos – eventos destinados a por à prova, para classificação, produtos, e ou confecções culinárias, e ou estabelecimentos de Restauração e Bebidas com divulgação dos resultados.
Feiras – eventos, associados a actos económicos, de venda de produtos e ou confecções culinárias, geralmente temáticos, obrigatoriamente efectuados por agentes económicos legalizados.
Festivais – eventos cujo objectivo principal será a apresentação de produtos e ou confecções culinárias, cujo objectivo principal seja a divulgação, ao qual deverão estar associados agentes económicos legalizados, se houver venda de produtos e ou serviços.
Mercados – eventos de cariz essencialmente económico, mesmo quando produzem reconstituições históricas. Envolvem exclusivamente agentes económicos.
Mostras – eventos destinados a dar a conhecer e promover produtos e ou confecções culinárias sem qualquer acto económico envolvido, e geralmente associados a degustações.
Provas – eventos cujo objectivo é a apresentação, e ou divulgação e promoção, consumo/degustação de produtos e confecções culinárias, no local. Estando associados à venda dos mesmos, é obrigatória a exclusiva competência de agentes económicos legalizados.
Quando se escreve culinária deve entende-se cozinha e pastelaria/doçaria. Todos estes eventos devem acautelar a não concorrência aos estabelecimentos locais, legais. Este conceito de Mercados, é para acções pontuais e não se devem confundir com mercados de calendário fixo. Em todos os eventos serão obrigatórios os licenciamentos previstos na Lei para garantir as boas práticas, e a qualidade, de higiene e segurança alimentar.
Para mim, Gastronomia é cada vez mais um fórum rigoroso, simples e significativo que revela a expressão de sociabilidade, que transforma a satisfação de uma necessidade de consumo, num acto de convivialidade.
Como já referi a Gastronomia pode ser um elemento diferenciador de um destino turístico, e portanto da sua identificação. Gastronomia tem o risco de ser uma arte efémera que apela a vários sentidos, dependendo do humor individual, e da respectiva educação do gosto, e é também função das expectativas.
Gastronomia é uma referência cultural e identificada nos aspectos geográficos, religiosos, económicos, artísticos e patrimoniais. É também através das Artes culinárias que se pode conhecer um local e o seu povo.
Depois temos naturalmente a dúvida: como garantir impacto com o produto gastronomia? Naturalmente com um diagnóstico da realidade. Primeiro deve começar-se pela formação e depois atacar com a promoção. Para isso é de bom senso apresentar com simplicidade, garantir a genuinidade ou a autenticidade, qualidade (e será sempre possível fazer a sua definição) entender as diferenças e transformar o produto num elemento inconfundível.
O que fazer? Exaltar o essencial, garantir todos os detalhes visuais e gustativos, dirigir o produto, e usar uma linguagem simples.
A promoção da Gastronomia é de carácter delicado pela necessidade de garantir que os agentes que prestam o serviço entendam a necessidade do rigor da sua execução. Nada pior que uma publicidade enganadora.
BOM APETITE!
© Virgílio Gomes
Foto: Adriana Freire