Cozinhas do mundo

 

 

 

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Sempre tive muita curiosidade em perceber o que os outros, países, pensavam sobre nós. Quer dizer, o que pensavam que seria a nossa cozinha ou a nossa alimentação. Já nem me refiro aos pratos a que atribuem a denominação “à portuguesa”. Ora, no século XX, já com tanta informação é estanho surgirem obras como a que hoje vos apresento. O livro tem o título Cuisine à Travers le Monde, de Rose Montigny, e editado pela Librairie Larousse, Paris, 1968. Este livro faz parte de uma coleção com o título: Collection Pratique de Poche. No capítulo “Europe Méridionale” tem um destaque para Portugal com sete receitas sobre as quais irei escrever.

Eis a tradução do texto sucinto sobre Portugal: “Cozinha suculenta, um pouco gorda, muito influenciada pela generosidade dos seus vinhos famosos e pela doçura do seu clima. Vinhos: Porto, Madeira, Bucelas, Borda (? – deve ser Borba), Colares, Ronção (? – deve der Monção), Dão, Lamego, «vinhos verdes» (Amarante). Parece que nem nos vinhos a informação é muito cuidada.

A primeira receita é de “Sabayon au porto” (Sabayon com Porto). É uma receita base do património francês. Neste caso, sem açúcar, só com gemas e vinho do Porto que aconselha para acompanhar pratos de carne ou de peixe.

A segunda é de “Coquilles Saint-Jacques au sabayon” (Vieiras com sabayon com Porto). Reproduzo a receita por ser interessante, mas à portuguesa não é com certeza.

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Coquilles Saint-Jacques au sabayon

 

A terceira, que poderia ser uma receita portuguesa, é de “Croquettes de morue” (Croquetes de bacalhau). Enganem-se, pois, apenas parece uma receita de pastéis de bacalhau, e fica muito distante da receita de bolinhos de bacalhau. Não apresento a receita para não haver mais tentações para distorcer os pastéis e os bolinhos de bacalhau que andam por aí.

A quarta receita é de “Gigot d’agneau à l’ananas” (Perna de cordeiro com ananás). Não conheço esta receita em confeções portuguesas. Não está em causa o produto final, mas a afetação da receita a uma tradição portuguesa.

A quinta receita é de “Jambon au madère” (Presunto com Madeira). Boa receita e, possivelmente, associada a Portugal por utilizar vinho da Madeira. Este vinho teve grande fama no século XIX em cozinhas palacianas ou de prestígio. Porque pode ser uma boa preparação aqui fica a receita.

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Jambon au madère

Para a sexta receita encontramos “Beignets au potiron” (Sonhos de abóbora). O nosso receituário tem vários sonhos, e doces com abóbora especialmente para o Natal.

Para terminar vem uma receita de “Babas” (Babás). Este doce entrou no consumo português e inclui-se na pastelaria de “fabrico próprio”. A sua origem parece estar em França, no século XVIII, quando o rei polaco Stanislas Leszezynski, também duque da Lorena, residiu em França. Depois da sua morte o seu pasteleiro estabeleceu-se em Paris e simplificou a receita e comercializa-a com muito sucesso. Como terá a receita chegado a Portugal e ser fácil de ver nas atrativas vitrines portuguesas?

Apresento a receita pois tem um toque português com utilização de laranjas e vinho da Madeira. Eis a receita

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Babas

 

 

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 Baba da Pastelaria Versailles, Lisboa

 

Na cozinha o mais importante é a qualidade do produto final independentemente dos rótulos que se lhes queiram aplicar.

 

Bom Apetite!

© Virgílio Nogueiro Gomes

Quem desejar a tradução para português, pode pedir através do email deste Site que tentarei enviar o mais rápido possível.