Queijadas de Mafra
Como por encanto chegou-me às mãos uma caixa com seis Queijadas de Mafra trazida por sobrinhos que as conheceram em Mafra, e que acharam me poderiam interessar. Já escrevi sobre outras queijadas e sou sempre surpreendido sobre os seus detalhes que ajudam a desenvolver uma identidade relacionada com o território.
Para saber mais sobre estas queijadas tive uma longa conversa com António Carlos Silva que, para além de as confecionar, é um investigador das tradições locais alimentares. Ficaríamos horas sem fim à conversa pois ambos falamos “pelos cotovelos”. Contou-me que a sua receita foi recolhida de um caderno antigo da Vila Velha. Segundo ele as queijadas de Mafra são das primeiras que se confecionaram em Portugal pois têm uma tradição de mais de cinco séculos. Inicialmente seriam ainda feitas com mel, e só depois das facilidades do açúcar este passou a ser o adoçante usado. Seria uma prática comum em Mafra, e confecionadas pelas doceiras saloias, e algumas da povoação de Gorcinhos. E esta prática vem da tradição de se preparar queijo na região anteriormente à independência de Portugal.
O que têm estas queijadas de especial que as diferenciam de outras? Para começar a sua fina e elegante massa exterior que suporta o recheio. Estaladiça e o seu gosto não se sobrepõe ao recheio. É tão gostosamente frágil que não se sente o gosto a farinha. Depois o recheio é macio, de massa uniforme, pouco doce. O recheio é confecionado com açúcar, amêndoas, queijo fresco e ovos. Tem um “inconveniente”: depois de comer uma queijada, apetece logo outra!
As queijadas são mencionadas nos forais da região, e em particular o da Ericeira de 1513 que isenta as queijadas de portagem. Também o 4º Conde de Mafra as considera como “queijadas especiais” no seu livro Memórias do Professor Thomaz de Mello Breyner. Consta que o consumo destas queijadas era muito abrangente. Tanto a nobreza e o clero as apreciavam como o povo nos mercados, feiras e venda ambulante.
Estas queijadas podem ser adquiridas no Terreiro D. João V, frente ao Mosteiro Palácio, em bicicleta especial às 4ª, 5ª, 6ª, sábado e domingo, durante a tarde.
Eu fiquei fã! Sugiro que também provem.
Quem não conhece, aproveite e faça uma visita a este fantástico Mosteiro Palácio.
© Virgílio Nogueiro Gomes
Para encomendas:
TL 916 200 148 e Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.