THE ONE Palácio da Anunciada

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Já tenho, em textos anteriores, manifestado o meu gosto por fazer refeições em hotéis. A velha expressão «comida de hotel» faz cada vez menos sentido, e há hotéis nos quais o seu restaurante é um atrativo. Para mim, os restaurantes de hotéis da Baixa Lisboeta são um símbolo de prazer onde se junta ao ato de comer bem, o sentido da comodidade e bom serviço.

Situado na freguesia de São José em Lisboa, o edifício foi fundado em 1533 por Fernão Alves de Andrade, fidalgo da casa real de El-Rei D. João III, escrivão da fazenda, tesoureiro-mor, conselheiro, cavaleiro da Ordem de Cristo, padroeiro do priorado de Santa Maria do Aguiar e fundador reedificador do Mosteiro da Anunciada. Está situado na rua das Portas de Santo Antão sobre a qual já escrevi uma crónica sobre os restaurantes, nesta rua, que não têm «puxa clientes», talvez porque a sua comida é boa. E só identifique três. Agora há um quarto local prazeroso e com boa comida.

Posteriormente e até 1690 foi residência do último conde da Ericeira D. Luis de Menezes, General da Artilharia e Economista muito dado à literatura, incluía uma biblioteca com mais de dezoito mil volumes entre os quais muitas obras raras.

O Convento foi severamente destruído no Terramoto de 1755. Após o sismo, a comunidade de religiosas da Anunciada transitou para o Convento de Santa Joana e os terrenos foram vendidos à Irmandade da freguesia de São José.

A sua reconstrução manteve as características de residência familiar e encontra-se dividido em dois corpos e um jardim de carácter formal que olha sobre a rua, como elo de ligação entre os dois. O palácio maior e principal, distribui-se à volta de três pátios, o do moinho, onde se situa um moinho de vento, o pátio da cozinha, que serve a cozinha e o pátio das cavalariças, onde se acolhiam os cavalos dos coches. Pertence-lhe ainda um jardim de carácter informal, contiguo às traseiras do edifício. A parte mais pequena do Palácio possui um pátio que se desenvolve em seu redor e um jardim que é separado do resto do conjunto, num carácter mais individualista e reservado.

Inicialmente aponta-se para um edifício pré-pombalino devido aos vestígios de construção encontrados na cozinha e algumas salas adjacentes, datando-os entre o século XVI e século XVII. Contudo crê-se que com o terramoto de 1755, este fora incluído na destruição que devastou a cidade. O palácio foi reconstruído sobre o que sobreviveu e um novo tempo foi introduzido. Já no século XVIII, datado entre 1761 e 1766, sendo “a sua autoria atribuída a um desconhecido arquitecto italiano, Romanino”, já sob influencias pombalinas que se concentram em alguns dos seus elementos, quer nas estreitas varandas no primeiro andar, as janelas de peito nos andares superiores ou as águas-furtadas.

 

 

 

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Entrada e Escadaria

O segundo palácio, construído posteriormente, denominado de Palácio da Capela ou Palácio da Marquesa de Rio Maior, possivelmente como resposta às necessidades sentidas de maior número de compartimentos para além dos que o primeiro palácio podia suportar, encontra -se datado provavelmente de inícios do século XIX.

Após sua reconstrução foi residência dos Marqueses de Rio Maior, acabando em 17 de

Novembro de 1790 por ser o local de nascimento do neto do Marquês de Pombal e o 9º

filho do 1º Marquês de Rio Maior, de seu nome João Carlos Gregório Domingos Vicente

Francisco Saldanha de Oliveira Daun - 1º Duque de Saldanha. Para além de conde, marquês e duque de Saldanha, foi marechal do Exército Português, o mais alto posto militar disponível, recebeu cerca de 30 condecorações, foi ainda embaixador, deputado e par do reino, vinte e quatro vezes ministro e quatro vezes presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro).

No Palácio da Anunciada nasceu também Teresa de Saldanha a 4 de setembro de 1837, filha dos 3os Condes de Rio Maior, sendo baptizada no dia seguinte na capela do próprio Palácio.

(Texto sobre a história do palácio fornecida pelo atual Hotel The One Palácio da Anunciada)

 

 

 

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Sala do Restaurante

Pois foi neste edifício, cheio de história, que fiz uma muito agradável refeição completada com o conforto e serviço de um hotel de cinco estrelas. Para além do restaurante o hotel dispõe também de um serviço mais leve, e com a mesma categoria, no pátio para o qual se acede através do bar e que poderão ver na foto.

Na cozinha, pondera o chef Bruno Fradeira, transmontano, que fez a sua formação na Escola Profissional em Chaves e passou por vários restaurantes de prestígio. A sua cozinha, de apresentação moderna ou contemporânea, é consistente e revela a utilização de bons produtos e bem trabalhados. Para acompanhar as refeições dispõe de uma bem elaborada carta de vinhos, e bom serviço.

Vejamos a minha experiência:

 

 

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Pão variado

 

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Manteiga com tomate, azeite e esferas de balsâmico, e manteiga com foie-gras

 

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Cenoura roxa com queijo creme e salmão fumado

 

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Carabineiro em noisette, com fofo de abacate, ovas de salmão, emulsão de bisque e cremoso de camarão

 

 

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Robalo cozinhado em água do mar, puré de ervilhas, pérolas de limão e molho de Champanhe

 

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Pintada recheada com trufa, puré de beterraba, espargos brancos, beterraba baby e molho trufado

 

 

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Mil folhas de caramelo com puré de maçã, crumble de baunilha, gelado de caramelo salgado e frutos do bosque

 

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Gulodices para o café

Local muito agradável, e que deixa vontade de voltar.

Bom Apetite!

© Virgílio Nogueiro Gomes

 

Hotel THE ONE Palácio da Anunciada

Restaurante Conde da Ericeira

Rua das Portas de Santo Antão, 112-134

1150-268 Lisboa

 

TL 210 412 300 Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

 

 

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