O Verão arrasta-nos, inconscientemente, para atitudes que nem sempre estão nos nossos hábitos. A mim, provoca-me, até no tipo de leituras. Por vezes dou por mim a escolher livros que suponho não precisar de sublinhar, nem ter atenção muito concentrada. Não é por desvalorizar o tipo de escrita. É senti-la de outra forma.
Quase por acaso deparei com este livro. E o que me atraiu de imediato foi o seu subtítulo: “A tradição já não é o que era!”. O livro é constituído por uma Nota Prévia na qual os autores manifestam a sua intenção ao escreverem esta obra. Depois um Pequeno Manifesto que deu origem a este meu pequeno escrito e que transcrevo de seguida:
“Eu gosto de arroz de grelos
E da tomatada à portuguesa, pim!
Odeio a salada russa da modernidade,
O molho chique, a nata intelectual,
O conduto sem qualidade
E a sobremesa habitual, pam!
Eu gosto da feijoca amiga
E do escabeche de carapau,
Da roliça morcela, da boa pinga
E do tenro pastelinho de bacalhau, pum!
Abaixo a normalização, o soluço contido
E a prisão de ventre!
Libertem o arroto oprimido!
Vivam as pataniscas, sempre!
Pim, pam, pum!
Cada copo mata um!
Depois, os “Novos Provérbios” criados pelos autores. Trata-se de um livro alegre, bem-disposto e com um sentido humorístico e cheio de ironia. É uma nova visão dos tempos que correm e constatações divertidas. Claro que sublinhei os novos provérbios relacionados com a alimentação: “As conversas são como as cerejas umas prestam outras têm bicho!”, “A castanha pilada é ninfomaníaca?”, “Calanja – canja com laranja.”, “Ovular – cozinhar ovos.” e “Rabanada – prisão de ventre.”.
Tem como autores António Pinto e Pedro Branco, e ilustrações de Luís Macara.
Não faço comentários sobre o Pequeno Manifesto por me identificar bastante com ele e deixar-vos com a vossa imaginação.
Continuem a comer bem e a beber vinho.
© Virgílio Nogueiro Gomes