Queijadas Condes da Praia

 

 

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Já não é a primeira vez que me refiro às queijadas dos Açores, pela sua especificidade de não conterem queijo na sua confeção, sem nunca estar em causa a qualidade e a excelência dos produtos finais. É o caso destas queijadas, mas que têm uma história diferente.

Consta que estas queijadas teriam a sua origem no Convento de S. Gonçalo de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira. Este convento foi construído em 1542 por iniciativa de Brás Pires do Canto e com aprovação do Papa Paulo III. Abriu em 1545 tendo como fundadoras duas filhas do patrocinador atrás referido. Após a extinção das ordens religiosas em 1834, este convento recebeu parte das comunidades religiosas femininas do arquipélago e só encerrou em 1885. Sobre este convento escreveu Maria Cristina Gonçalves que:” As freiras, da Ordem de Santa Clara, ficariam conhecidas pela beleza do seu canto, pela perícia na confecção de flores, compotas, doces e demais artes.”, no site Discover Baroque Art. Ficou muito danificado com o terramoto de 1980, mas foi reedificado e integrado no património classificado.

 

 

 

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Não haverá documentação que prove a origem das queijadas, mas temos estórias de aproximação. Existiria um “pudim” que a tradição remete para o convento. Encontrei na obra de Augusto Gomes, Cozinha Tradicional da Ilha Terceira, uma receita de “Pudim de Batata” que se assemelha à receita que hoje se confecionada e que é denominada por “Pudim Conde da Praia” por se conhecer  o apreço que o primeiro Conde da Praia lhe dedicava. O título de Conde da Vila da Praia da Vitória foi criado por decreto de D. luis I, a 28 de julho de 1863, e atribuído a Teotónio de Ornellas Bruges Paim da Câmara, ilustre político açoriano ligado ao movimento liberal. Diz-se localmente o conde gostava muito do pudim, e quando foi agraciado com o título de conde, o convento ainda mantinha a sua atividade. Anteriormente a ser chamado “Pudim do Conde da Praia”, o pudim já tinha sido apelidado de “Pudim de Batata da Terra”.

 

 

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Como saímos do pudim para as queijadas? Consta que a receita das queijadas, foi transmitida em 1863 pela pasteleira Anita “detentora da lendária receita atlântica”. O que hoje encontramos são umas queijadas constituídas por uma massa externa muito delicada (com farinha de trigo e manteiga dos Açores), e o recheio é um creme idêntico ao do pudim já citado, e cuja receita é composta por: batata, especiarias, leite, ovos e frutos de casca rija.

Querem a receia? Comecem por comprar as queijadas em Lisboa, no Largo da Graça, 98, provem e se gostarem tenham o atrevimento de pedir a receita. É natural que não deem pois é o segredo/negócio da casa. Façam como eu, quando quero vou lá comprar, Pastelaria Saquinho Dourado.

 

 

 

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Tenho de confessar uma simpatia especial pela Vila da Praia da Vitória. Estive lá em férias durante uma semana, para assistir às festas anuais e depois passar uns dia em Angra do Heroísmo. Fiquei tão entusiasmado com a festas que me desloquei apenas uma tarde a Angra. Terei de voltar, ficar em Angra do Heroísmo, mas fazer, obrigatoriamente, uma visita a Vila da Praia da Vitória.

Bom Apetite!

© Virgílio Nogueiro Gomes

 

Pastelaria Saquinho Dourado

Largo da Graça, 98 - LISBOA

Telefone 933 595 127

 

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