Porque voltamos a um restaurante?

 

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Parece que a resposta seria evidente: pela comida. Mas nem sempre. Aliás é vulgar ouvir dizer que o mau atendimento provoca a recusa de voltar, mesmo quando a comida é excelente. Curiosamente o tema do serviço de mesa foi alvo de uma crónica que publiquei no site e que continua a ser o texto mais lido. Para relembrar, e voltar a ler, pode clicar aqui. Relembro que as Edições do Gosto, Paulo Amado, realizaram duas vezes o evento Artes da Mesa, fórum para discutir a problemática do serviço de mesa e a ausência de profissionais e também analisar a evolução do conceito de serviço dado a crescimento de locais e as novas preocupações da clientela. Infelizmente não se continuou com estas discussões. Ainda há pouco temo alguém me lembrou uma fantástica expressão dita por Octávio Ferreira, do restaurante Gambrinus em Lisboa: “hoje em dia um bom empregado de mesa é um monumento nacional!”. Questões de orientação profissional? Falta de atrativo profissional? Ou descuida da valorização profissional?

 

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Não quero agora elaborar listas com as razões porque se volta a um restaurante, para além da comida. Há, no entanto, algumas conhecidas por todos e que tanto podem ser objetivas como emocionais. Se as querer organizar pela sua importância queria citar pelo menos algumas: a vista panorâmica que se obtém do restaurante (apesar de eu achar que a vista não chega), as facilidades de acesso e estacionamento, a rapidez do serviço, e especialmente a forma como somos atendidos e somos reconhecidos. Parece-me que esta última razão será determinante para voltarmos ao local. Seguramente a brigada de mesa é um fator determinante para o regresso dos clientes azos restaurantes. E parece estranho a passividade de alguns empresários em relação a este ponto. A brigada de mesa é um dos principais contributos comerciais de um restaurante. Eles são os verdadeiros agentes comerciais do local. Evidente que me refiro sempre a locais onde a qualidade está acima do correto. Mas a cozinha ou o seu chefe não fazem nada sem o complemento eficaz da brigada de mesa.

 

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Como muitos sabem eu sou um grande contribuinte de restaurantes pois continuo com o saboroso vício de comer fora de casa. E não pensem que qualidade é só restaurantes de luxo. Todos os dias sou confrontado com pequenos detalhes ou atitudes que corrigidos, seguramente aumentariam o número de cientes. Cada vez mais não entendo o sentido depreciativo que alguns dão ao que chamam “comida de hotel”. Pois eu cada vez mais tenho opções por comer em hotéis, e por várias razões e entre eles o conforto e o serviço. A gestão e reservas ou o atendimento telefónico também deixa muito a desejar. Já me aconteceu querer efetuar uma reserva, que me foi negada. Insisti, dizendo que poderia chegar à hora de abertura, que apenas usaria a mesa para uma refeição simples, sem sucesso. Saí de casa e fui ao restaurante que me deram de imediato uma mesa. Não disse nada. Acabei de jantar e o restaurante teria apenas metade da sala ocupada. Aí contei o que me aconteceu, mil desculpas, as meninas que atenderam não sabiam… e lá dei o meu conselho! Mas num restaurante há atitudes que não gosto e chegam a incomodar-me. Não gosto que me deem a cheirar uma rolha de plástico (e já foram seriamente desagradáveis por fazer essa referência), não gosto que me perguntei o que vou beber sem saber a escoalha da comida, não gosto que não saibam explicar os pratos que propõem, não gosto que deem nomes tradicionais ou clássicos a pratos que depois alteram seriamente (aqui teria, infelizmente muitos exemplos para contar), não gosto que me coloquem na mesa o couvert ou pratinhos sem que os tenha pedido ou me perguntem se os quero, … infelizmente a lista poderia ser mais longa ou sou eu que estou a ficar muito incomodado.

 

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Por outro lado aprecio que me sugiram um local que mais gosto, fico contente quando se lembram de eu não gostar de talher de peixe, fico contente quando me propõem vinhos das regiões de que mais gosto, agrada-me que me tragam Pedras Salgadas, agrada-me quando baixam o som da música ambiente para poder conversar, … e aqui felizmente tenho muitos exemplos pela positiva, e que determinam seguramente a volta dos clientes. Recentemente estive num restaurante e, hesitante na escolha, o chefe de mesa lembra-me o que tinha comido na semana anterior e o que tenho gostado mais nesse local. Fiquei, agradavelmente, pelas sugestões do chefe!

 

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Apetece-me fazer um estudo sobre as razões da fixação da clientela a determinados restaurantes. Eu julgo saber das minhas e, por certo, haverá outros que pensam como eu. Mas variadas razões nos levam nas escolhas. Até por saber que em alguns locais vamos encontrar determinadas pessoas que nos interessam.

Aqui ficam alguns exemplos para ajudar a melhorar o serviço de mesa. Atenção que há restaurantes nos quais o serviço é irrepreensível. Ainda bem!

© Virgílio Nogueiro Gomes

 

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(as fotos são apenas para dar um ar de graça colorida ao texto, não se reportando a ele, a não ser o facto de todas elas serem de restaurantes)