Realizou-se dia 06 de Junho a festa anual de reconhecimento aos Mecenas do Palácio Nacional da Ajuda. Foi a 20ª edição. 20 anos a agradecer a todos os que, de alguma forma, contribuíram para o engrandecimento do Palácio Nacional da Ajuda.
Se no primeiro concerto e ceia o grupo não passava de cerca de trinta pessoas, nos últimos anos atingem trezentas.
O programa incluiu desde sempre um concerto seguido de uma ceia. No primeiro ano o concerto decorreu na Sala da Música e a ceia na Jardim de Inverno. O crescimento do número de participantes levou a que o concerto decorra na Sala D. Carlos e a ceia na Sala dos Embaixadores, Sala da Restauração e Sala de Baile.
Os concertos têm sido sempre de grande categoria de interpretação, cabendo este ano a Nina Schumman e Luis Magalhães a incumbência de entusiasmar o público que aplaudiu fortemente.
Mas vou entrar em mais detalhes acerca da ceia e dos seus propósitos. Nas primeiras edições a ceia era composta por uma lista de iguarias constantes em ementas arquivadas no Palácio, e depois encontradas receitas da época, que foram ajustadas ao gosto contemporâneo. Nos últimos três anos optou-se por reinterpretar essas receitas e introduzir algumas novidades. Estas ceias estão desde a primeira hora associadas ao grande Mecenas do Palácio que é a Nestlé.
Pela segunda vez coube às Equipas Olímpicas da Culinária a tarefa de reinterpretar as receitas, conceber o conjunto das iguarias e proceder à sua execução.
Este ano, e tratando-se do 20º aniversário desta iniciativa, propusemos uma fórmula mais ousada de presentear os Mecenas. E de os surpreender.
O objectivo era recriar ao estilo “Carême” (Marie-Antoine “Antonin” Carême 1784-1833) um buffet século XIX. Aproveitar a monumentalidade das salas em sequência, aproveitar o efeito dos elementos de iluminação das salas e recriar sobre as mesas o contraste dos elementos decorativos da Baixela Thomire (Pierre Philippe Thomire 1751-1843) com a simplicidade aparente da comida. Carême sempre se preocupou em exultar a culinária como uma Arte e os seus buffets eram uma simbiose perfeita das Artes Decorativas com as Artes Culinárias.
Carême passava horas nas bibliotecas e museus para reproduzir, ou ganhar inspiração, para as suas fantásticas peças construídas em pastilhagem de açúcar.
Aqui a nossa opção foi um alinhamento, sobre as mesas, das peças Thomire com a colocação das iguarias em absoluta discrição, sem espaventos decorativos, para serem consumidas. As peças decorativas davam o fausto da apresentação, as iguarias apresentadas na simplicidade cumpriam a missão de, como arte efémera, prazer de surpresa ao serem consumidas.
Para abrir o apetite refiro agora as iguarias:
Mousse de Foie Gras Aromatizada com Óleo de Trufa
Rolinhos de Presunto com Fios de Ovos sobre Tosta Doce
Pedacinhos de Novilho com Compota de Abóbora e Canela
Arroz com Pastelinhos Crocantes de Bacalhau
Estaladiço de Queijo de Cabra
Cremoso de Boletos Selvagens
Creme de Meloa com Hortelã
Bolinhos Verdes com Gengibre
Trufa Branca de Chocolate
Toucinho do Céu
Macarons à la Parisienne
Donas Amélias
Bolo Real
Não faltou o Chocolate Quente, Vinho Branco e Tinto, Vinho Espumante e Café
Parabéns aos Mecenas, ao Palácio Nacional da Ajuda, à Nestlé e às Equipas Olímpicas da Culinária.
(C) Virgílio Nogueiro Gomes