rioemar
 
 Título: Petiscos do Rio e do Mar

 

Autores: Isabel Zibaia Rafael e Virgílio Nogueiro Gomes

 

Editora: Marcador / Presença

 

ISBN: 9789897543999

De pequenos nos habituamos a frequentar praias fluviais. Ora Tejo, ora Sabor! Era tempos de felicidade plena. No verão, ir para junto o rio, fazer sempre um almoço de merenda e, os mais atrevidos ou pacientes pescavam no rio. Por isso os peixes do rio fazerem parte da nossa memória. Infelizmente aparecem cada vez menos nos mercados tradicionais. Também já não temos os vendedores de porta a porta que nos traziam barbos, bogas, carpas, fataças, lúcios, trutas...

De longa data os processos culinários tinham um principal objetivo que era a confeção para a conservação mais longa. E, felizmente, o molho de escabeche resulta na perfeição pois a sua aplicação garante que o peixe, depois de frito, vai durar mais tempo exceto quando a gulodice, lá em casa, fosse mais forte do que a preocupação de conservar. De facto, o peixe, mantido em molho de escabeche fica muito melhor. E o melhor acompanhamento era sempre o pão, de padeiro que conhecíamos feito apenas de farinha moída na proximidade e não destas novas farinhas cheias de fermentos. Quanto mais fechado o pão mais guloso ficava quando ensopado com o molho de peixe!

Temos nos tempos modernos nos quais o peixe passou a ser alvo de preferência nos hábitos alimentares, ou não tivéssemos o melhor peixe do mundo. O peixe deixou de ser um castigo ou uma penitência para os dias de jejum e abstinência. Para muitos o peixe é difícil confeção. A questão é que o peixe é um produto tão delicado que o melhor é cozinhar o menos possível. Se não está em condições ele denuncia-se de imediato. Já todos nos habituámos a olhar para o olho do peixe, ou as suas guelras, para ajuizarmos sobre a sua frescura. Pois continuemos e, nada melhor do que ir a um mercado tradicional e conversar com quem nos vende. E continuamos sempre com o valoroso bacalhau para todas as soluções.

(Texto da Introdução do livro)

Isabel e Virgílio