Título: Alheiras, e Alheira de Mirandela
Autor: António Manuel Monteiro
Editora: Âncora Editora
ISBN: 9789727807161
Estas alheiras chegaram-me, em boa hora, pelo correio. Sem qualquer entrega por delivery como agora se diz. São de fácil digestão, mas de cuidada mastigação.
Trata-se de um livro escrito por uma das maiores autoridades sobre cozinha e tradições alimentares transmontanas. Possivelmente quando se pensa em alheiras não se imagina a quantidade de informações que podemos receber. Trata-se de um produto popular, e por isso nunca se estudou com a dimensão que tem com retaguarda cultural e histórica.
A alheira sempre foi tratada ao de leve! Era uma “coisa” simples e comum, comida de todos os dias de inverno e em todas as casas. Há alguns que insistem em afirmar que as alheiras foram uma invenção judaica… não terá sido. Possivelmente os judeus deram-lhe outra dimensão quando a produziam sem carne de porco. E hoje ainda encontramos a alheira judaica sem carne de porco.
Mas neste livro o autor, que tem uma forma de escrita única, leva-nos para um conjunto de bibliografia extraordinária que revela a importância que a alheira sempre teve. O século XX revelou-se, no entanto, como a época durante a qual mais se escreveu sobre a alheira. Mas como ou quando começou? Pois o livro dá-nos pistas. E para quem pensa que culturalmente as alheiras são uma “coisa” simples aqui têm muito por onde escolher.
As curiosidades são muitas, desde a etimologia da palavra aos conselhos do médico de D. João V, nascido em Mirandela. Da alheira à proximidade da tabafeia. D tempero das carnes á confeção. E em Lisboa tanta gente que só come alheira frita!!!
Coragem a do autor em dedicar um capítulo especial às Alheiras de Mirandela. Seguramente as mais conhecidas fora de Trás-os-Montes, e também as mais comercializadas.
Livro obrigatório por tudo o que já escrevi. Mas só lendo descobrem o verdadeiro valor e seu papel na história da nossa alimentação. Parabéns António Manuel Monteiro.
© Virgílio Nogueiro Gomes