Mais Doces de Peniche
Igreja de S. Pedro, Peniche
Na sequência de crónica anterior, que podem reler clicando aqui, vou escrever sobre mais dois doces de Peniche, e ainda de mais um, em período experimental ou de prova, com previsões de confeção continuada para breve.
Prato com Pastéis de Peniche
Todos os doces têm uma história, mas que nem sempre é fácil contar. Ou contam-se muitos feitos sem conseguir chegar ao princípio. Contino a embirrar quando me dizem que é tão bom que deve ser conventual. Então e fora dos conventos não se criavam doces bons e requintados? Possivelmente as criadas que acompanham as meninas e senhoras que iam para os conventos levavam já com elas alguma sabedoria doceira que aperfeiçoaram e recriaram nos conventos.
Pastel de Peniche
Os Pastéis de Peniche são um exemplo de doçaria rica e elegante no paladar, que também já me fizerem constar que possivelmente seriam conventuais. Em Peniche ainda são identificadas algumas famílias que confecionavam estes doces. Para esta crónica, os que provei, e com os quais lambi dos dedos ao comer, foram confecionados pela Dona Conceição da Cervejaria Boina Verde. Nunca peço a receita, mas muitas vezes ma disponibilizam. Não foi o caso. Mas vejamos como parece simples. A massa externa é muito semelhante à massa das azevias ou de algumas filhoses finas. O recheio é feito com doce de ovos com gemas e açúcar ao qual se junta amêndoa ralada fina e umas gotas de limão com muita cautela. Um sabor dominante a limão é um defeito! A massa é tendida fina, e depois coloca-se o doces e ovos e outra massa por cima para fechar. Para fechar pode usar-se um pouco de água e apertar com os dedos ou usar uma carretilha lisa ou em bicos como se faz para as “Cristas de galo” de Vila Real. Depois cozem em fritura leve e depois polvilham-se com açúcar em pó e canela. A forma dos Patéis de Peniche é, na maioria dos casos, em forma de rissol, lembrando alguns Pastéis de Santa Clara, ou em quadrado conforme se vê nas fotos.
Detalhe de um Pastel de Peniche
Outro doce, e produzido também na Cervejaria Boina Verde, habitualmente chamado no plural é os SS, ou esses, de Peniche. Em várias regiões de Portugal encontramos este doce, muitas vezes classificado no grupo dos biscoitos. Ora estes vão para além dos biscoitos e revelam-se em doces que parecem rijos, têm de facto uma aparência crocante, mas o seu interior é macio. Claro que esta consistência é dada pela forma de confeção e produtos utilizados.
SS de Peniche
Para estes SS misturam-se claras batidas em castelo forte com miolo fino de amêndoa, açúcar, manteiga e depois farinha. Deixa-se repousar e depois molda-se a massa em SS e colocam-se em tabuleiro que vai ao forno cozer. Retiram-se com cuidado para não partir.
Detalhe
O terceiro doce sobre o qual prometi escrever nesta crónica é o Pastel de Paciência, nome provisório? que a Dona Conceição atribui a esta confeção. Tive a sorte de puder degustar o último que sobrou naquele dia. A Dona Conceição decidiu criar um doce novo, está a fazer uma pequena quantidade, experimental, por dia, mas que acaba por com facilidade, vender todos. Porquê paciência? Parece que pelo tempo que demora a ser confecionado e com os preceitos que ela definiu. O pastel parece feito a partir de uma massa tenra fina que forra a forma dos pastéis e depois um recheio rico em açúcar e gemas de ovo e também miolo de amêndoa. Mais ingredientes? O melhor é irem provar à Cervejaria Boina Verde.
Para além do excelente peixe e mariscos de Peniche, descubram também a sua doçaria.
Pastel de Paciência
Detalhe
© Virgílio Nogueiro Gomes
Cervejaria Boina Verde
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2520-490 Peniche
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