Pão de Coco

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Desde que viajo para o Ceará que encontro este produto. Não sou grande consumidor atendendo à minha alimentação com reduzidos hidratos de carbono (carboidratos). Nada que impeça a minha curiosidade sobre estas tradições alimentares, e experimente.

No Brasil, como em Portugal, o pão continua sendo um elemento estruturante da alimentação. Segundo Emanuel Ribeiro, 1934, os dizes sobre o pão ainda se mantém: O pão não se arremessa; pousa-se; não se corta: parte-se, se adrega ele cair ao chão apanha-se e beija-se. Quando se pousa sobre a mesa, nunca deve ser voltado, e assim todos têm o cuidado de o colocar bem.  Se em Portugal continuamos, e assistimos a um crescimento, do pão artesanal e com mistura de farinhas (trigo, centeio e milho), no Brasil o grande crescimento assinala-se no pão francês, ou outros com farinha branca fina de trigo deixando, e como grande exceção para o pão de queijo feito com polvilho de mandioca, e atribuída a sua origem ao estado de Minas Gerais.

 

 

 

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Câmara Cascudo afirma que as superstições e tradições sobre o pão vieram naturalmente de Portugal. A fabricação do pão, com suas cerimônias, cruzes na massa, ensalmos para crescer, afofar, dourar a crosta, foram correntes no Brasil, na proporção em que se cozia nas residências. Passando para as padarias, a superstição foi desaparecendo. Em Portugal não há pão de coco, temos uma ligeira aproximação com o “pão-de-deus”, massa enriquecida com ovo e açúcar, e coco ralado acrescentado como enfeite antes de ir ao forno, criação do início do século XX, e incluído na vasta gama de produtos de pastelaria de fabrico próprio. Em algumas regiões há bolos semelhantes que se chamam arrufadas.

Tentei saber a origem do pão de coco, mas, sem grande sucesso. Pessoas mais idosas diziam-me que têm memória dele desde as suas infâncias, e contam, como Walden Luiz que em sua casa havia sempre dois ou três pães de coco para desjejuar a quem aparecia em casa.  Não encontrei muitos registos que me fixassem a sua origem, ou a sua antiguidade. Também não consta nos registos de Câmara Cascudo!

 

 

 

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Mas hoje a realidade no Ceará é da sua presença constante. Antigamente fazia-se apenas para o período pascal, tradição que se mantém em Canindé, por exemplo. É vulgar, ainda hoje, assumir que o pão de coco ser um pão doce para celebrar a Páscoa. Facilmente se encontra em padarias, confeitarias e especialmente em supermercados. Pois fui atrás de um local de grande consumo e falar com os artistas da casa. Por sugestão da minha amiga Virgínia, filha de portugueses e fixados em Fortaleza, e membro da Beneficente Portuguesa 2 de Fevereiro, em boa hora fui parar ao estabelecimento Evandro Delicatessen com morada que encontrarão no final do texto.

 

 

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Evandro Gomes é uma figura, e fala com um entusiasmo de quem se orgulha nos produtos de sua casa. Com mais de uma trintena de anos nesta atividade, é bem conhecido e considerado no meio da panificação em Fortaleza. Recorda com saudade o tempo em que gerenciava a Padaria Luciana que foi propriedade de uma família portuguesa que também fundarem a Fábrica Estrela, a Padaria Lisbonense, a Panevita e outras. Foi aí que fez a sua escola, e verdadeira carreira de prestígio. A sua dedicação aos clientes, e a missão de fazer bem feito, incluindo o processo de fabricação do seu pão, sem fases intermédias de congelação, e com a promessa de produtos feitos diariamente com muito amor, com os melhores ingredientes, sempre frescos e saborosos, conforme se pode ler no seu cardápio.

Vi muitas receitas de pão de coco, ou pão com coco, não havendo uma uniformidade mesmo nos ingredientes. Estes vão da farinha de trigo fina, leite, açúcar, óleo ou azeite, ovos inteiros, fermento de padeiro, margarina ou manteiga, sal e coco ralado. Depois ainda uma variante de pão recheado com coco que é sempre doce, e também aromatizado com baunilha. Varia também o tempo de a massa ficar a levedar. Provei vários, uns mais artesanais, outros mais industriais. Olhando para os ingredientes podemos escolher dois que definem este pão: o tipo de farinha e o coco. Se para a farinha podemos identificar o primeiro quartel do século XIX para a sua entrada e difusão no Brasil e como um produto caro, apenas de vulgariza no consumo no século XX. Depois o coco que começou a ser plantado na Bahia em 1553, e proveniente da Costa do Malabar no Índia, disseminou-se um pouco por todo o Brasil. Não sendo produtos autóctones brasileiros, admito com alguma segurança que a tradição do pão de coco se inicie na primeira parte do século XX, designadamente pela facilidade de comercialização de farinhas trigas finas.

 

 

 

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Vejamos agora como é confecionado o pão de coco “Evandro”. Não é meu propósito dar a receita, nem a pedi! Os ingredientes são a farinha de trigo fina, margarina, fermento biológico granulado, coco ralado e coco em pedaços, água e sal. Depois de tudo bem amassado, fica a levar durante quatro horas. Depois de cozer são embalados individualmente com indicação do prazo de validade (cerca de dez dias). Bem, admito que raramente seja ultrapassado o prazo. O pão é fofo, e guloso. Além de se sentir o coco ralado, é muito gostoso encontrar pedaços de coco como se pode ver nas fotos. Apetece comer mais e quanto mais se come mais apetece comer. E depois, se sobrar é só torrar um pouco e barrar com uma geleia ou doce de fruta...! E agora tem o ano todo!

 

 

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Neste estabelecimento ainda se fazem outros pães: Batata, Brioche, Caseiros, Doces, Francês, Integrais, Massa Fina, Rústicos, com Gergelim, com Grãos Especiais, de Alho, de Leite, de Queijo, do Amor e outros. Para além dos pães também encontram outros produtos alimentares como Casadinhos, Maria Maluca, Bolo Luis Filipe, Rocambole, e muitos mais...! No espaço pode ainda fazer refeições completas simples, mas com confeção aprimorada, com um cardápio atrativo e regional.

© Virgílio Nogueiro Gomes

EVANDRO Delicatessen
Rua Carlos Vasconcelos, 2169
Aldeota, Fortaleza /CE

Tl (85) 3224 6599 e (85) 99685 7352

 

 

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