Novo REI, Pastel de Nata
Dia 5 de abril efetuou-se a Final da 9ª Prova do Melhor Pastel de Nata de Lisboa, integrada no evento Peixe em Lisboa 2017. Mais uma edição, renhida, para conhecer o melhor pastel que se apresentou em prova. Reconheço que estas provas são, cada vez mais, um exercício difícil para o júri. A qualidade dos pastéis de nata apresentados é cada vez melhor e estão muito próximos uns dos outros em termos de qualidade de execução, o que dificulta a tarefa de avaliação e atribuição de valores numéricos para classificação. A melhoria mais visível, e percetível, tem a ver com a massa folhada. Estaladiça, fina, sem sabor a farinha ou gordura, garante a sustentação do creme, que escorre, doce e sem sabores dominantes, nem gema, nem limão e nem baunilha. Infelizmente acontece que para evidenciar uma marca, por vezes, se destacam intencionalmente estes sabores. No concurso o gosto dominante de qualquer um deles pode ser reconhecido como um defeito. Como defeito também poderá ser o pastel estar queimado, apesar de se querer bronzeado, sendo que o defeito mais grave é a massa folhada não estar estaladiça.
Pasteis prontos para a prova *
Mais uma vez, fatalidade de concursos, só três são premiados. Devo reconhecer que esta final foi das mais dificultadas pois os pastéis estavam quase todos muito próximos em termos de perfeição na sua execução. Durante a decorrer da prova houve alguém que disse que nas pastelarias se está a evidenciar uma melhoria generalizada na produção de pastéis de nata. Ficamos muito contentes quando ouvimos opiniões como essa.
De lembrar que o Pastel de Nata é, seguramente, o doce português mais internacional. Talvez pela sua persistência em continuar a existir, suponho eu, desde a segunda metade do século XVI. É certo que a primeira receita escrita, e com a denominação de Pastelinhos de Natta, é de 1729 e oriunda do Convento de Santa Clara de Évora. Por curiosidade apresento-vos aqui reprodução de 1988, da Barca Nova – Editor, dessa receita.
Receita de 1729 do Convento de Santa Clara de Évora
Mais uma vez me manifesto contra a proliferação de receitas que utilizam a designação Pastel de Nata e lhe acrescentam outros produtos: castanha, chocolate, maçã, maracujá, vinho do Porto, … e não sei quantos mais produtos. Costumo dizer que, possivelmente, o pastel que agora produzem não será tão bom quanto gostavam, ou que necessitam do nome do pastel de nata para o promoverem!
Aqui ficam imagens do 3 premiados:
1.º Prémio
Pastelaria O Pãozinho das Marias – Ericeira
Francisco Duarte *
2.º Prémio
Pastelaria Patyanne – Castanheira do Ribatejo
3.º Prémio
Restaurante Mercado do Peixe- Ajuda, Lisboa
Os 3 Premiados *
Porque os restantes finalistas também têm excelentes pastéis de nata, eia a lista por ordem alfabética:
- Pastelaria ALOMA, Lisboa
- Pastelaria BATALHA, Venda do Pinheiro
- Pastelaria BIJOU do CALHARIZ, Lisboa
- Pastelaria BONJOUR Cascais, Alcabideche
- Pastelaria CASINHA do PÃO, Lisboa
- Pastelaria FÁBRICA da NATA, Lisboa
- Pastelaria FIM de SÉCULO, Lisboa
- Pastelaria POLO NORTE, Mafra
- Pastelaria SANTA COINA, Coina
Descubram o melhor pastel de nata na proximidade da vossa casa.
BOM APETITE!
© Virgílio Nogueiro Gomes
*Fotos de © Bruno Gonçalves