Palácio da Ajuda guloso
Fachada do Palácio Nacional da Ajuda
Pode-se visitar um palácio ou um museu com diferentes objetivos ou, melhor ainda, à procura de determinados pertences específicos. Muitas vezes sou levado à procura de objetos da mesa e ou do quotidiano. E esta aventura desenvolveu-se mais em mim desde que apresentei, no XI Congresso Internacional de Reabilitação do Património Arquitetónico e Edificado, Cascais 2012, a comunicação sobre património: Gastronomia no contexto de verdade, como atrativo e importante complemento de visita de espaços culturais, e das memórias de um País – Linguagem do património imaterial: A alimentação, alguns exemplos. Este desafio foi-me lançando pela minha Amiga Simonetta Luz Afonso com que já colaborei em outros grandes projeto culturais nos quais a nossa mesa teve lugares de palco. Para além de apresentar a alimentação na sua vertente cultural, e a forma como no século XX é assumida como cultura, citei vários exemplos de visitas a museus identificando peças expostas que atraem os visitantes para detalhes com linguagem que lhes é familiar e, assim, desenvolverem o apetite para novas visitas a esse local ou partirem à descoberta de outros.
Outro desfio: descobrir os maravilhosos relógios que se encontram em todas as divisões do piso da entrada
O Palácio Nacional da Ajuda, seguramente o maior museu de artes decorativas em Portugal, abriu ao público em 1968 e conserva os seus aposentos tão próximos quanto possível do que foram, procurando transmitir o ambiente de uma residência real de Oitocentos, onde brilham notáveis colecções de artes decorativas de século XV ao século XX. Não vou descrever todas as salas onde poderão apreciar peças relacionadas com a alimentação. Apenas alguns exemplos e deixar-vos ir à descoberta. Naturalmente uma menção especial para a denominada Sala de Jantar da Rainha, toda ela recheada de objetos da mesa e com uma mesa pronta para uma refeição. Esta sala constitui uma novidade para o século XIX e deve-se a sua instalação à Rainha Dona Maria Pia. Parece que a decisão de ter um espaço certo e obrigatório para as refeições viria já desde meados do século XVIII. No entanto, entre nós, até meados do século XIX continuava o hábito de “por a mesa” ou “tirar a mesa” na divisão onde se iria comer. Daí termos guardado essas expressões para o nosso quotidiano e que significam, agora, colocar a toalha os talheres, os pratos e copos necessários para a refeição. E depois a operação inversa. Nesta sala, construída nos anos 80 do século XIX, apenas eram servidas as refeições da família real e estaria vedada a refeições de aparato. A visita ao piso da entrada termina neste ambiente fabuloso da mesa. No piso superior, ou Nobre, a Sala da Ceia ou Sala de Banquetes aproxima-nos do final da visita. Nesta sala ainda é reservada ao Chefe de Estado onde continuam ser servidos banquetes.
Vejamos alguns exemplos:
Sala Grande de Espera
Detalhe da tapeçaria “A Merenda”, desenho de Goya
Sala de Mármore, jardim de Inverno, onde se colocava uma mesa especial à volta da fonte e onde se serviam refeições familiares e de festas dos Príncipes
Detalhe do Quarto da Rainha com serviço de louça que poderá ter sido utilizado para refeições ligeiras da Rainha
Vitrinas que antecedem a Sala de Jantar
Aparador da Sala de Jantar
Mesa posta com 12 lugares
Detalhe de um lugar
Menu colocado nesta mesa
Vitrinas temporárias, no corredor, com outros objetos da mesa
Sala dos Jantares Grandes, ou de Banquetes
O Palácio Nacional da Ajuda tem um Serviço Educativo dirigido especialmente a escolas e grupos organizados (quinze pessoas no mínimo e trinta no máximo), com marcação obrigatória.
Espero ter despertado a vossa vontade de devorar o Palácio Nacional da Ajuda. Estes espaços e objetos são uma amostra do que há para ver. Descubram mais. Boa visita!
© Virgílio Nogueiro Gomes
Palácio Nacional da Ajuda
Largo da Ajuda
1349-021 Lisboa
TL 213 637 095 e 213 620 264 Encerra às 4ªs feiras