Tomate

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Temos que assumir que o tomate chegou primeiro a Espanha. E que aí foi glorificado, ao ponto extremo de ser destruído em massa para a grande festa “Tomatina”, na cidade de Buñol, Valência, em honra de São Firmino. Esta festa de arremesso de tomate entre os participantes, foi apenas iniciada em 1944 mas com grande sucesso, tendo-se ttansformado num grande evento turístico. E clamam que há fome no mundo! Os espanhóis entraram em contacto com o tomate nas Américas, produzido em grande quantidade no México, no Peru e no Chile. A partir do seu conhecimento, aprenderam a cozinhar com tomate e é um produto fundamental nas suas cozinhas regionais.

 

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As zangas políticas com Portugal impediram que aqui chegassem mais cedo. Por isso, e com o poder e grande influência junto de cortes europeias, a Espanha fez chegar o tomate a Nápoles e depois, com a unificação da Itália, transformou-se, também, num produto identificador daquele país. Foram os italianos que deram mais importância ao tomate na alimentação, e ainda hoje disso temos reflexos. Era tão importante que em algumas regiões ainda é conhecido por “maçã dourada”, e cujo nome em italiano é pomodoro. Na Toscana, no século XVII, encontrei uma receita em que o tomate ainda é um fruto de jardim, mas já é confecionado, e chamam-lhe pomi d’oro, e talvez por isso o seu nome naquela língua. Não podemos esquecer, no entanto, o percurso estranho do tomate pois esteve associado a produto venenoso mas ainda bem que se lhe perderam esses medos.

 

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Em Portugal aparece em receituário culinário no século XIX, e no século XX passou a ser um produto quase indispensável nas nossas cozinhas. Não se conhecem muitas referências sobre o seu aparecimento. Admito que as zonas raianas o tenham conhecido primeiro pela proximidade geográfica com Espanha. O seu plantio revelou-se de muita importância pela sua qualidade. Este detalhe fez, possivelmente, criar o ditado popular: “Em época de tomate, não há más cozinheiras”. Significa que quando o tomate é fruto direto da Natureza, a sua introdução numa receita de cozinha garante o sucesso do prato. O verão é, de facto, uma época de pujança de tomate. E nós damos-lhe um tratamento de excelência que vai desde as saladas, sopas quentes ou frias, com peixe, com carne, e até como sobremesa com a utilização de doce ou compota de tomate. E sem esquecer os nossos arrozes de tomate, malandrinhos ou cremosos, até secos ou soltos. Também se fazem sumos, cujo consumo um amigo meu considera um ato de autoflagelação, e lembrar que é um dos componentes fundamentais no cocktail Bloody Mary. Hoje em dia o produto com mais visibilidade é seguramente o ketchp indispensável nas refeições rápidas de muitos estabelecimentos.

 

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Salada de rúcula com tomate

Hoje em dia a ciência veio ajudar-nos, e revelar como o tomate é importante para a nossa alimentação e prevenção de saúde. Atribuem-lhe qualidades antioxidantes, anticancerígeno, rico em vitamina C e A, e preventivo de doenças degenerativas do sistema nervoso central entre outras mais. O tomate deve ser consumido maduro, com a pele sem manchas, e encontra no azeite um ótimo aliado. Conhecem-se cerva de vinte variedades. Os principais produtores mundiais são a China, os Estados Unidos da América e a Turquia. Quanto aos níveis de produção Portugal coloca-se em segundo lugar mundial com uma produção de noventa e duas toneladas por hectare o que revela a nossa excelente qualidade produtiva e naturalmente melhores produtos.

Bom Apetite!

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Sopa fria de tomate

© Virgílio Nogueiro Gomes

 

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