Valorosa Maria Chica

Chegada ao restaurante Maria Chica
Há dez anos que viajo com regularidade para Fortaleza. Sempre constatei uma ausência de comida regional nos restaurantes que ia visitando. Para o turista desavisado parece ter chegado a qualquer colónia italiana dada a profusão de estabelecimentos cujo atrativo são as pizas e as “pastas”. No entanto poucos restaurantes servem a, excelente, cozinha italiana de peixes e carnes. Mas a própria Itália guarda a identidade das suas cozinhas toscana, veneziana, piemontesa ou romana. Ora a alimentação que caracteriza esta região, e que lhe poderia dar identidade gastronómica, é muito escassa e até parece que os restaurantes têm vergonha da cozinha cearense. Alguns parecem mais preocupados em copiar (mal) alguma cozinha francesa. Também há um grande desenvolvimento de comida japonesa centrada especialmente sushi e sashimi e não uma cozinha e peixes e carnes à japonesa.

Porta de entrada
Habituei-me a procurar restaurantes fora dos circuitos ditos turísticos para encontrar comida cearense. Lembro-me bem das soluções corajosas do Chefe Faustino, ou das intervenções contemporâneas do Fernando Barroso. Alguns bons restaurantes evidenciam alguns produtos da região mas falta assumir uma nova cozinha, moderna, com uma nova leitura da cozinha regional, sem ruturas. Não esqueço a “dobradinha” que me era servida no D’Abelle Bistro mas que recentemente saiu do cardápio. Também já comi excelente “panelada” na Quina do Feijão Verde…! Nunca vi as autoridades do Turismo ou da Cultura incluir, seriamente, a gastronomia local como um símbolo da identidade local, ou um trunfo da sua promoção. Talvez por isso os restaurantes não tenham coragem de assumir a sua inclusão. Mas desde a piabinha frita, a panelada, a buchada, a rabada, a carne de sol, as feijoadas, o baião-de-dois, … até todas as variantes que a mandioca produz. Também tenho comido excelente comida regional em casa de amigos.

Tom, irmã do Tom, Daniel, os meus parceiros de almoço
Já conheço muita gente em Fortaleza e os mais próximos conhecem a minha vontade de comida regional. E o Carnaval, apesar de não ser o do… “Rio de Janeiro a capital carnavalesca do mundo; e reza a fama que o carioca considera tal festa a Única coisa séria de sua terra e de sua vida”, conforme escreveu João Nogueira, também me tem ajudado a conhecer mais gente. Desta vez, o meu amigo Tom, e que conheci pelos carnavais, levou-me a um local que eu não conhecia. Tratou-se do Restaurante Maria Chica, na Parangaba. Boa surpresa, e aqui vos deixo as iguarias que selecionei em imagens.
Para os cearenses, desejo que se orgulhem da sua comida.
Bom Apetite!

O meu prato no qual se evidencia uma excelente farofa com toucinho, cordeiro guisado, galinha caipira...

"Caviar é uma ova!" , nome do prato para ovas de peixe

"Galinha caipira", quer dizer do campo, e a lembrar-me os nossos "pica no chão" minhotos

"Moelas guisadas" tão boas quanto as da Dona Graça de Lisboa

"Sarapatel" de Carneiro

"Língua guisada"

"Vatapá" de galinha caipira, que possivelmente teve origem nas nossas "açordas"

Carneiro guisado

Forma simpática de manter o café quente, com brasas, e os clientes servem-se diretamente

Loja onde se podem adquirir alguns alimentos e lembranças
Para além dos pratos das fotos ainde se serve nesta casa: Paçoca com Banana, Feijão verde Pegando Fogo, Arroz de Queijo, Arroz de Leite, Baião de Dez, Panelada, Carne de Sol com Queijo de Coalho, Panqueca de Carne de Sol, Escondidinho de Carne de Sol, Macarrão com Carne de Sol, Torresmo Crocante, Capote (em Portugal Fraca), Arroz de Carneiro, Buchada, Bolinho de Macaxeira, Bacalhau, Peixe à Delícia, Peixe Crocante... e ainda mais para descobrir no local.
© Virgílio Nogueiro Gomes
Restaurante Maria Chica
Rua Thomas Edison, 239
Parangaba
Telefones: (085) 3292 5646, 8845 5646, 9901 8013
Diariamente das 11h30 às 15h00