(Prof Álvaro do Espírito Santo e Prefeito de Belém do Pará- Brasil)

 

 

Integrado no Encontro de Academias de Letras Lusófonas, “Artes e Livros”, realizado em Bragança, Portugal, e organizado pela Câmara Municipal, decorreu um jantar confecionado pelos Chefes Ofir Oliveira e Carmelo Procópio Júnior, dia 6 de Junho de 2013. Antes do jantar o Professor Álvaro do Espírito Santo fez uma palestra subordinada ao tema, e apresentou parte do trabalho da sua tese de doutoramento junto da Universidade de Coimbra, falando desde a herança histórica até ao período pós-moderno. Apresentou as características distintivas da sua região, sugeriu a importância para o turismo sobre os produtos e seu possível desenvolvimento para determinados nichos de mercado e a importância de uma releitura da cozinha regional identificada com o seu “terroir”. No fundo a gastronomia como acessório, ou elemento central, para o desenvolvimento do turismo.

A refeição foi uma festa, servida no restaurante Panorama em Bragança.

Sumo de Cajá, ou Tarerabá, citrino local

 

 

Popunha com doce de Capuaçú e raspa de Castanha do Pará

 

Bolinho de Piracui de Tamuatá e Acari

( O bolinho de bacalhau na versão amazónica, ao invés do bacalhau usa-se farinha de peixe, Piracui e Acari, e, no lugar da batata, a mandioca)

 

 

Caribé

(O Chefe adaptou a este prato de origem cabocla, utilizado como revigorante, alguns ingredientes como frutos do mar, tornando-o semelhante a uma sopa que entre outras características é um afrodisíaco natural)

 

 

Arroz dos navegantes

(É uma releitura, feita pelo Chefe Ofir Oliveira, de uma das primeiras receitas feitas pelos Portugueses navegantes quando chegaram à Amazónia ao encontrar arroz nativo. Trata-se de um arroz preparado com carne de porco, frango e frutos do mar, acrescido de tucupi, sumo de mandioca, e jambú. No original o tucupi é substituído por leite de coco)

 

Peixe à capitoa

(O prato homenageia a figura feminina da Marujada, que também faz parte da festividade de São Benedito, o qual é considerado o padroeiro dos cozinheiros. É composto por filete de peixe na chapa com molho de arubé e frutos do mar. O molho de arubê é um concentrado de tucupi utilizado originalmente pelos índios para conservação de caça, e cujo sabor se assemelha ao da mostarda francesa. O molho de arubê foi reconhecido pelo antropólogo Nunes Pereira e o escritor Câmara Cascudo como o primeiro molho do Brasil)

 

 

Mani de Urutá

(Mani de Urutá retrata a própria história dos nativos e dos portugueses em Bragança do Pará, onde a sua história se torna lenda. Também representa a junção das três raças, daí a importância deste encontro gastronómico. O prato é composto por folha de mandioca, preparada por seis dias, descansa no sétimo e no oitavo dia come-se, chouriço de Bragança do Pará, derivados de porco fresco e salgado, bucho de boi, carne salgada, mocotó de boi (mãos), embutidos (enchidos), tais como linguiça, paio, bacon e costelas defumadas e lombo de porco)

 

Lombo de suíno com molho de bacuri

(O bacuri é uma fruta amazónica com expressivo papel na história gastronómica do Brasil, sendo conhecida como “fruta do rei”, pois ia do Município de Bragança – Pará até ao Rio de Janeiro para ser consumida por D. João VI. Com este prato o Chefe fala da saga dos portugueses que levaram as especiarias para o mundo. O prato é composto por carne do lombo de suíno assado, e regado com molho de bacuri, taperebá e especiarias)

 

Creme de mandioca com doce de cupuaçú

 

Sumo de açaí com granulado de mandioca

 

Foi um jantar de FESTA e um convite para visitar Bragança do Pará, e toda a região Amazónica. Foram servidos vinhos transmontanos.

© Virgílio Nogueiro Gomes