(Imagem surpreendente da antiga Adega e onde se encontra instalado o restaurante)

A criação da Escola de Gastronomia da Chaîne des Rotisseurs, em Évora, levou-me a esta sempre bela cidade para fazer uma palestra aos primeiros alunos. Esta iniciativa estava integrada num Capítulo desta confraria, associação, repleta de aventuras gastronómicas bem recheadas. Fiquei hospedado no Hotel Convento do Espinheiro, verdadeiro oásis destas paragens alentejanas. Conheço bem o seu Chefe de Cozinha, Luis Mourão, (que muitos se lembrarão da sua participação no programa televisivo “Top Chef”)e já noutra ocasião lhe dediquei outra crónica a propósito do que chamei uma “refeição de exceção”. Conheci o Luis há mais de vinte anos quando trabalhámos juntos, ele ainda a iniciar a carreira na cozinha. Já nesse tempo se percebia que tinha “asas” para voos mais altos, o que aconteceu. Mas nesse tempo, e num projeto delicado, tive a oportunidade de verificar as suas qualidades o que levava a grandes conversas sobre a cozinha, e muitas delas decorriam na própria cozinha onde eu almoçava com frequência. Pois era nesses almoços que mais se animavam as discussões. E, devagar, lá fomos alterando as propostas culinárias.

Chegado ao hotel, recebo um convite do Luis para uma refeição, que aceitei com agrado não sem antes perguntar se seria uma refeição a dois para lembrar e manter a tradição que tivemos há vinte anos. Assim aconteceu. Almoçámos os dois, o almoço foi lento por nossa vontade pois a conversa parecia interminável. E lá voltámos às conversas de sempre sobre a lógica da sequência dos pratos, críticas sobre detalhes de empratamento, tempos de cozedura, harmonia do prato, a escolha das guarnições e naturalmente as questões ligadas ao vinho. Em menus degustação há a tendência de escolher o mesmo vinho apenas para um ou dois pratos. Como depois do almoço eu teria responsabilidades mais graves do que dormir a sesta, propus apenas um vinho para toda a refeição, e eventualmente uma mudança para o vinho de sobremesa.

Vamos então ao almoço:

 

 

(Ovo de codorniz escalfado, cogumelos shimej, presunto boleteiro,alheira com esfarelada de pão com coentros)

 

(Vieira, patanisca de camarão, ponta de lavagante, ameijôas Bulhão Pato e puré de tomate)

 

(Sopa de castanhas, tártaro de faisão, escalope de foie gras e espuma de cogumelos selvagens)

 

(Robalo corado, camarão em massa kdafhi, bisque de frutos do mar, tomate confitado e risotto com lavagante)

 

(Framboesas com sorvete de poejos)

 

(Porco em três texturas: bochecha sobre miga de tomate, barriga assada em baixa temperatura sobre porjada e lombinho com puré de ervilhas, porjos e rebentos de coentro)

 

(Pirâmide de avelã, macaron de frutos silvestres e gelado de manjericão)

 

(Chefe Luis Mourão)

 

Para acompanhar o almoço, Vinho Regional Alentejano, Dona Maria Tinto 2008, de Júlio Bastos.

Um convite para visitar o Convento do Espinheiro e experimentar o seu Restaurante. Estes pratos pertence à oferta Outono / Inverno.

© Virgílio Nogueiro Gomes