Sim, aconteceu num restaurante…
Pois é, infelizmente acontece, por vezes, o inesperado. Como sabem sou um viciado em comer fora de casa, a ser em permanência cliente de restaurantes. Não tenho opinião generalizado de maus encontros ou serviços em restaurantes. Se isso acontecesse já teria desistido. Mas não. Sosseguem que continuo com uma agradável opinião sobre estabelecimentos de alimentação e bebidas e, por isso, continuo com essa prática. Irei relatar alguns factos que aconteceram comigo nos dois últimos anos. Como tenho feito em crónicas semelhantes anteriormente, não irei identificar os locais onde alguns acontecimentos parecem anedóticos. Só espero que não aconteça o mesmo proximamente. E estes facto não aconteceram só em Lisboa e arredores, mas um pouco por todo o país. Não adianta pedirem-me para identificar os restaurantes. Felizmente para nós isto não representa a maioria dos estabelecimentos, são pequenas exceções.
Vejamos:
- Num restaurante em região onde as carnes são cartaz. Peço um primeiro prato e de imediato me dizem que não há. Peço o segundo e recebo a mesma resposta. A quem me estava a atender peço que me diga o que pode ser servido para uma escolha mais rápida. Foi-me dito que poderia escolher tudo menos “Francesinhas”. Peço a escolha da terceira carne. Resposta imediata: “Vou confirmar se há”. Volta depois e diz-me: “Há, mas não pode ser servida pois recebemos congelada e ainda não teve tempo de descongelar”. Apetecia-me sair, mas eramos cinco à mesa. Refiro apenas que era uma carne DOP com identificação daquela região.
- Recentemente, e num restaurante aberto há pouco tempo, fomos experimentar. A primeira impressão não foi agradável, mas era uma questão de decoração. A ementa, curta, poderá fazer pensar que as preparações são mais cuidadas. Surge um empregado todo vestido de preto e curiosamente também luvas pretas de latex. Invulgar e perguntei a razão das luvas pretas e responde-se que é uma razão de estética, que é o prolongamento das mangas e assim fica tudo em preto. Suavemente disse-lhe que nos restaurantes que usam luvas brancas. Responde.me rapidamente e mostra luvas brancas que traz no bolso, mas que só utiliza quando vende um vinho caro…! Não aceitam mudanças de acompanhamentos. O meu companheiro nesta aventura quis substituir as batatas cozidas por fritas e pagou extra. Pela minha parte, comi as piores lulas recheadas da minha vida. Não há nenhum trabalhador português no local. Apenas a proprietária que por vezes se encontra. Não quisemos sobremesas pois as propostas apresentadas não nos abriram o apetite. Parámos na pastelaria mais próxima para adoçar a boca.
- Outro exemplo recente. Em dia de calor apetecia-me petiscar e comer frio. Vou a um restaurante de peixes e mariscos e para começar não havia nem berbigões, nem ameijoas nem mexilhões. Fui ver a montra de peixes, pouca variedade, e peixes para duas pessoas. Voltei ao meu lugar no balcão e pedi concha de sapateira, mas informam-me de imediato que não tinham as respetivas tostas. Perguntei se não havia pão e poderia fazer uma torrada. Depois de alguma hesitação disseram-me que iria fazer a torrada. O que comi não foi um deslumbramento, estava ao nível do correto sem história. No final pedi a conta e preparo que havia uma parcela de “Torrada” €3,5. Como já não estava muito satisfeito, era a terceira vez nesse restaurante, paguei sem reclamar. Chega, entretanto, um empregado que foi educado (é praticamente a única exigência que faço a quem serve), assinalei aquele montante e a explicação foi do mais ridículo que se pode imaginar: a cozinha não tem pão, foi preciso fazer uma requisição e por isso a faturação… …! Claro que a este restaurante não voltarei.
Há atitudes que se estão a generalizar em restaurantes. A “água filtrada”, que não sei se alguém controla, chega a custar mais do que água mineral engarrafada. Curioso!
Consta-me, e já foi publicado em jornais, mas a mim nunca aconteceu, um adicional na fatura: suplemento para o gelo e rodela de limão servidos com águas ou refrigerantes.
Concordo com taxas para servir produtos (especialmente bolos comemorativos) e vinhos trazidos pelos clientes.
Devo confessar que estou cansado de menus de degustação. Felizmente há restaurante que têm um bom desempenho com esses menus, mas não abdicam de ter uma pequena carta para quem não quer o outro serviço.
Não apresento nesta crónica situações, algumas desagradáveis, em restaurantes que sugerem gratificação. Quem quiser saber a minha opinião pode ler a crónica clicando aqui.
© Virgílio Nogueiro Gomes
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