Comer fora… de casa?

Tenho a fama, e o proveito, de comer fora de casa. Comer em restaurantes é um prazer de quotidiano e inesperadamente interrompido com a prevenção sugerida, e aceite. Males do nosso tempo que eu nunca pensei atravessar. Confesso que já tenho saudades de ir a restaurantes.

Sempre tive uma certa reticência à entrega de comida feita entregue em casa. O serviço ao domicílio terá sido desenvolvido com entrega de pizzas e outros fast food de rápido crescimento. Não me posso esquecer, no entanto, de um sistema de entrega de refeições em casa e confecionadas em vários restaurantes a partir de um catálogo bem organizado por “No Menu” e cuja segunda edição já impressa em 2006. Surgiu também a hipóteses de um chefe ir a casa preparar as refeições e, algumas delas com grande sucesso. Tudo isto antes desta crise, não anunciada.

É fácil de reconhecer que as pizzas e os hamburgers desenvolveram esta atividade que resolve o sentido prático da alimentação. De repente vemos velocípedes motorizados com caixa traseiro, nem sempre cumprindo a sinalização de trânsito, e por muitos perdoados com a desculpa de entrega de alimentos quentes. Será que alguma vez os titulares, responsáveis, das marcas pensaram que o mau comportamento dos distribuidores é negativo para as marcas? Há, neste momento, ruas de Lisboa que têm mais entregadores de comida do que visitantes ou outras viaturas a circular. Se para mim uma pizza nunca foi uma refeição completa, eventualmente um triângulo como entrada, o facto de ver os atropelos na circulação desmotivam-me a pedir o serviço.

 

 

 

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Nunca pedi alimentação confecionada para entrega no domicílio. Mesmo durante este estado de emergência nacional. Gosto de ir para a cozinha, mas sem vontade quando é uma obrigação, ou imposição. Há cinco semanas que consumo todas as refeições em casa tendo a sorte de ter restaurantes na proximidade onde adquiro parte da refeição. Com a minha alimentação com baixo teor de hidratos de carbono, nem sempre é fácil. Por vezes compro a proteína, o isco de peixe ou carne, e faço os acompanhamentos em casa. Confesso que a maioria das vezes a refeição é integralmente confecionada por mim, em casa.

Neste período de pandemia revelam-se alternativas de recuperação de atividade e é muito saudável assistir que não são apenas os restaurantes de comida prática que se aventuram. Grandes restaurantes, no tamanho e na qualidade organizaram-se com um serviço de takeaway para grande satisfação dos seus clientes.

 

 

 

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Este período fez-me reler um livro publicado em Portugal em 2011: “Saber Comer”, de Michael Pollan, editado por Lua de papel. Este livro é uma tradução do original “Food Rules” que foi best seller nos Estados Unidos onde foi publicado em 2009. O autor já nos tinha agradado com os livros “Em Defesa da Comida”, 2009, D. Quixote e “O Dilema do Omnívoro”, 2009, que também foram top de vendas nos Estados Unidos. O livro “Saber Comer”, cujo título original é “Food Rules”, é um livro prático com chamadas de atenção que são conselhos fáceis e de simples entendimento. O autor dedica esta obra a sua mãe que sempre soube que a manteiga faz melhor do que a margarina.

Selecionei apenas alguns dos 64 conselhos que o autor nos transmite:

- Coma Comida

- Não coma nada que a sua bisavó não achasse que era comida

- Coma apenas produtos que podem apodrecer

- Se lha entregaram pela janela do carro, não é comida

- Coma sobretudo vegetais, especialmente as folhas

- Comer o que se aguenta numa perna é melhor que comer o que se aguenta em duas, que é melhor que comer o que se aguenta em quatro

- Não ignore os peixinhos oleosos

- Quanto mais branco o pão, mais cedo se vão

- Pare de comer antes de ser sentir cheio

Para entender melhor, e estão escritos de forma tão explícita, pode sempre comprar o livro que o autor explica cada uma das citações.

Cozinhe, vá para a cozinha experimentar alimentos que sejam alimentos.

© Virgílio Nogueiro Gomes

 

 

 

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