
Autor: Gilberto Costa
Editora: Esfera dos Livros
ISBN: 9789896268817
Feliz este título para um livro de receitas doces, de bolos: “Amor em Fatias”. Se para a culinária muitas preparações são feitas para a necessidade de nos alimentarmos, os doces são sempre mais um ato de amor. O doce sempre foi um plus quer para refeições intermedias quer para sobremesas. Fechar uma refeição em glória. Ou para não sair da mesa com boca de pobre ou de lacaio. E neste caso são as memórias de um conforto familiar que o autor nos traz em forma de receitas, e versão contemporânea. A sua educação do gosto foi determinante para a elaboração deste livro refletindo na maioria das receitas as preparações com que a sua Avó o surpreendia.
Nós, portugueses, temos uma relação muito especial com a doçaria. Maioritariamente esta nossa doçaria tem uma matriz feminina e o elogio do açúcar vai desde os doces populares, de feira ou romaria, a uma doçaria mais elitista conventual, ou de casas ricas. Um doce para ser bom não precisa de ser conventual. Basta observar as nossas festas de carácter religioso para assistir a um inventário de doçaria popular que vai desde os “económicos” às fogaças, dos rosquilhas de fritar às roscas maiores cobertas com açúcar. E são essas memórias que nos ficam quando vamos às nossas origens.
O autor teve a ideia valorosa de nos lembrar os hábitos antigos de haver sempre, em casa, um bolo de cortar às fatias. E isto, porque havia a hábito de as pessoas visitarem a família e amigos, tinha-se sempre um bolo para garantir a hospitalidade e oferecer de comer e beber. Havia bolos redondos como outros retangulares ou em formas compridas semelhantes às do bolo inglês. E, infelizmente, este sentido do convívio e da partilha está a entrar em desuso. Pois neste livro encontram uma grande variedade de receitas e, digamos que há para todos os gostos, inclusive um Bolo de Espinafres que é doce.
Gilberto Lopes já nos tinha habituado em edições anteriores a uma capacidade de criação de receituário invulgar, mas fácil de confecionar em casa. Talvez alguns ainda tenham dificuldade em relação às quantidades dos ingredientes como por exemplo os ovos em gramas tanto para gemas como para claras. Mas esta variedade de receituário tem muitos exemplos oriundos de regiões portuguesas como os Açores com treze, o que é evidente pois é a sua terra, o Alentejo com cinco, a Madeira com quatro, Trás-os-Montes e Alto Douro com três, a Estremadura também com três, o Algarve com duas, as Beiras com duas e o Douro Minho com apenas uma. Mas a variedade vai além-fronteiras: nove países estrangeiros!
Tenho de fazer um elogio fundamental. Conhecemos a capacidade profissional do autor e a excelência das suas confeções doces. As receitas foram todas criadas e confecionadas por ele. É a garantia de que podemos ir para a cozinha, darmos também o nosso amor na confeção, e servir de forma prazenteira estas preparações. Retomemos hábitos de convívio e partilha de doces, com amor, à mesa.
Parabéns!
© Virgílio Nogueiro Gomes
Texto do Prefácio por mim escrito.