Autor: Dina Fernanda Ferreira de Sousa
Editora: Colares Editora
Preço: € 16
Muito se tem escrito, e sobretudo publicado, sobre receitas de doces que se apregoam de conventuais. Mas poucos são os estudos metódicos sobre essa atividade conventual. Este livro apresenta o estudo sobre os Mosteiros de Santa Clara e de Celas, e dos Conventos de Sant’Ana e de Sandelgas, e visa o período entre 1727 e 1875. Estes mosteiros e conventos eram todos femininos e dos quais se sabia existir uma tradição doceira.
A autora começa por fazer uma descrição histórica sobre cada um dos locais estudados, evidenciando naturalmente toda a documentação associada ao tema. O capítulo seguinte, sobre “A Produção Doceira de Coimbra”, vai mais longe do que a atividade conventual, identificando outra doçaria e até os licores. Depois elabora um texto sobre a tipologia da doçaria conventual em Coimbra, classificando-a em “Doces de colher”, “Bolos finos”, “Bolos secos”, “Fritos”, “Compotas” e “Confeitaria”. E esta tabela é muito importante pois esclarece que nos conventos não se confecionava apenas a doçaria que é hoje mais identificada com aqueles locais, uma doçaria apenas rica. Quase a terminar faz um estudo mais alargado a três especialidades e para as quais apresenta as receitas: o manjar branco, os pastéis de Santa Clara e as arrufadas. Ainda nos brinda com um interessante e bem documentado texto sobre “A prática doceira vista através das fontes literárias”. Curiosamente aborda um texto “Suplício dos Doces”, original de 1727, no qual os doces assumem o papel de personagens e, verdadeiramente, a importância da doçaria naquele tempo. À laia de conclusão afirma, porque também o demonstrou, que os conventos foram verdadeiros “templos de doçaria”.
Um excelente livro que deverá ser obrigatório para quem se dedique a estudar a história da alimentação em Portugal, e em particular a doçaria.
© Virgílio Nogueiro Gomes