Autor: Paulo Moreiras

Editora: Quidnovi

ISBN: 978-989-628-105-2

Não é uma novidade. Este livro surge-me com aquela catadupa de livros de surgem em período pré Natal. Não que seja uma escolha tardia. Desde que adquiri o livro, e li a contra capa, que decidi que seria um livro que, de certo, me iria entusiasmar. De repente lembro de que o autor me tinha prevenido que o livro iria aparecer. O autor já me tinha surpreendido com outro livro que sugeri nesta página: “O Elogio da Ginja”. Só que desta vez a escrita seria um romance histórico, ficcionado, cuja figura central seria Domingos Rodrigues cozinheiro de D. Pedro III e autor do primeiro livro de cozinha em Portugal a “Arte de Cozinha…”, com primeira edição em 1680. O autor já tinha feito sucesso com outro livro, romance histórico, “A Demanda de D. Fuas Bragatela” pelo que esperava com ansiedade esta nova obra.

Que não esperem a biografia de Domingos Rodrigues. Também tenho pena pois esta figura merecia um estudo da sua vida. O livro revela-nos um cozinheiro erudito que depois de se retirar da sua actividade manteve outra, como quem acredita em sonhos. É “um romance fascinante sobre o amor e a sua impossibilidade…”. Mas muito mais que o amor, o autor define as circunstâncias em que decorre o enredo, assistimos a descrições realistas com citações dos próprios títulos das receitas da Arte de Cozinha. Por vezes até quase somos capazes de salivar os pratos que refere. Vai dos ladrilhos de marmelada aos pastelinhos de cidrão, um aromático pratinho de alcachofras, salmonete assado… E a referência a muitos produtos culinários. Só para abrir o apetite!

Um romance que se lê com muita vontade no qual estão sempre aparecendo detalhes que nos levam para a actividade da cozinha ou da gula. E depois a surpresa dos acontecimentos e a leveza da narrativa. Linguagem acessível e criativa. A não perder por todos aqueles que se entusiasmam pela gastronomia e pela escrita.

© Virgílio Nogueiro Gomes