Autor: Hélio Loureiro

Editora: A Esfera dos Livros

É surpreendente o aparecimento deste livro, um romance, de um autor que já nos tinha habituado a livros de receitas, sequência da sua carreira profissional como Chefe de Cozinha. Também conhecemos o seu envolvimento nas questões culturais associadas à gastronomia.

Digamos que se trata de um trabalho ficcionado, apesar de viver figuras e circunstâncias reais. Como verdadeiras são as receitas que ajudam a ilustrar o livro.

Neste ano de contagem dos 200 anos da partida da Corte para o Brasil, este livro vem juntar-se a outros que nos transmitem uma personalidade do Rei numa vertente mais humana. A relação do Rei e do seu Cozinheiro, em linguagem simples, que é possivelmente quase improvável, mas ajuda-nos a ler o livro com outro entusiasmo.

O livro não pretende refazer a história. Mas é fascinante o envolvimento e as acções do jovem António Vale das Rosas, figura central e narrador auto biográfico. Naturalmente assistimos no começo a um recitar de doces, principal ofício de António, para depois se transformar em cozinheiro pleno e confidente do rei.

O livro revela-nos as facetas de uma personagem que se vê envolvida numa trama capaz de reacções inesperadas. Um simples doceiro da província que adquire fama chefiando uma cozinha, e poço da intriga política. A verdadeira condição humana posta à prova.

Para quem gosta de ambientes culinários estamos perante uma estória que rapidamente queremos ler até ao fim. E em simultâneo descobrir as receitas da autoria do Chefe que é o Autor.