
Autor: Joyce Galvão
Editora: Schwarcz S. A. – Companhia de Mesa
ISBN: 9786586384062
De vez em quando surgem livros surpreendentes pelos seus conteúdos, e que me provocam com o seu título. Este é um desses livros.
Já tenho escrito sobre alguma confeitaria, direi doçaria, que se prepara no Brasil e continuo curioso. Este livro é dividido por capítulos conforme o tipo de ingredientes usados: “Frutas, Farinhas e Cereais, Outras, Para Adoçar, Especiarias e Frutos Secos”. Não se trata de um livro de receitas, mas um livro sobre a identificação dos produtos e a sua utilização na caracterização da confeitaria brasileira.
Começando pelos frutos temos: Cambuci, Jatobá, Grumixama, Cereja-do-rio-grande, Pitangatuba, Juá, Sapoti, Butiá, Umbu (sobre o qual também já escrevi) e Jenipapo. Para os portugueses a maioria destes frutos é desconhecida. Nas farinhas a grande importância é dada à farinha de milho: Fuba, Pixé, Farinha de milho flocada, Fubá, Fubá branco, Milho crioulo, Fubá de canjica e Fubá de milho de monjolo (ou bijusada). Ainda nas farinhas: Farinha de araruta, Farinha de mandioca e Farinha de babaçu.
Para adoçar (e confesso que foi o capítulo que li em primeiro, com o receio de encontrar leite condensado, encontramos: mel de cacau, Garapa, Mel de engenho, Rapadura e Açúcar purgado. Que bom encontrar estes adoçantes. Esclareço que não tenho nada contra o leite condensado. Não entendo a geral utilização na doçaria tradicional e em especial em doçaria que não leva leite. Continuo a chamar ao leite condensado a “ingrediente dos preguiçosos”. Já provaram “quindim” com leite condensado?
Outro capítulo que muito me entusiasmou foi o das especiarias: Sal marinho e flor de sal, Puxiri, Cumaru, Amburana, Imbiriba, Pimenta-de-macaco, Fava de Aridan, Priprioca,
Pacová e Matchamate. Não esqueçamos que os primeiros doces chegados ao Brasil com Pedro Álvares Cabral, os “Fartes” que ainda se fazem em Sobral do Ceará, eram uns doces de “espécie” com canela, gengibre, cravinho da Índia e outros que lhe conferiam perenidade e permitiram atravessar o Atlântico.
Para terminar um apresenta um capítulo de frutos secos: Baru, Sapucaia, Licuri, Castanha-do-pará, Castanha -de-caju e maturi, e Semente de pequi.
Estas listas não são exaustivas, mas remetem-nos para o mundo encantado doceiro no Brasil. A autora tem dedicado a sua vida ao estudo da doçaria enquanto capítulo cultural da alimentação e é também autora do best-seller A química dos bolos (2017). Esperamos por mais livros. Parabéns à autora.
© Virgílio Nogueiro Gomes