O elogio do Vinho
Este texto é um desejo de boas férias para a maioria dos que agora partem na esperança de descanso, praia ou campo para, em ritual anual, e recarregar energias. Os que me conhecem sabem que tenho uma perdição por livros. E muitas vezes compro-os cheio de entusiamos, mas, mais vão chegando, e esqueço-me de outros. Foi o que aconteceu com este libreto que agora apresento. O título “Le Philosophe à Table” parece abrir o apetite. Trata-se de um poema invocando os prazeres do vinho. Atrevo-me, corajosamente, a traduzir algumas partes do poema de treze páginas.
O seu autor Claude-Nicolas Chatillon (1776-1826) foi poeta e dramaturgo. Curiosamente o seu emprego em Paris era ligado a números e área financeira. Mas desde cedo começou a escrever sendo conhecidos apenas sete livros pois publicava muitas pequenas obras soltas, e até com caracter anedótico como foi o seu último livro “L’ Incognito”.
Amigos, pois que cada um, repleto do Deus que o inspira
Traz a sua canção a este alegre banquete
Eu queria, por mim, cheio do mesmo delírio,
Juntar uma flor a este encantador bouquet
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Para curar o estomago, ou o baço,
O coração, o fígado ou o cérebro,
Não aceitemos mais os conselhos de Hipócrates
Consultemos o Deus da pipa
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Usem o licor divino:
É o remédio soberano,
É a mais sã medicina,
É o antídoto do desgosto.
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Visto que o vinho faz perder a memória,
Quanto mais infeliz, mais se deveria beber.
Ai de mim! No presente como no futuro,
É o melhor amigo que temos na terra:
O vinho, no amor como na guerra,
Faz os ousados e faz tudo conseguir.
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Sem o vinho, o que seria a pobre espécie humana!
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Se os animais são tolos,
É porque só bebem água.
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Filósofos profundos que por direito são renomados,
Vão de Paris a Pequim,
Atravessai os Estados de Moscovo até Roma,
E verão em todo lado o feliz efeito do vinho
Corrigir e adoçar os costumes do género humano.
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Ó licor saudável! Ó fonte de delícias
Eu consagro aos teus altares de piedosos sacrifícios:
Que o Sol comece ou termine o seu curso,
O copo na mão sempre me verá;
E quando da sua cova temível
A Morte vier cortar meus dias
Cantando Bacus e os Amores:
Que importa que o mundo ou me aprove ou me escarneça:
Eu escolhi um falecimento do verdadeiro bebedor;
É morrer com honra
Melhor do que morrer num campo de batalha.
Boas férias, e bebam com moderação!
© Virgílio Nogueiro Gomes
Reimpressão atual pela BNF – ISBN 9782338038245