repolgas.jpg

 

 

Vários leitores me pedem para apresentar receitas. Não será uma prática a instalar, mas pode acontecer. Quem leu atentamente a história do “Bacalhau Espiritual” percebe a receita que o texto contém. Hoje, mais do que apresentar uma receita gostaria de escrever sobre um produto que faz parte das minhas memórias mais ricas: as repolgas.

As repolgas são um cogumelo de nascimento espontâneo na natureza, mas hoje há grande produção de cultura. Conhecidos nas zonas urbanas como “pleurotus”, sua designação comercial, o nome vem da sua identificação científica de “pleurotus ostreatus”. São constituídas por um “chapéu”, que mais parece uma concha plana, e um pé que sendo grande ou grosso se pode eliminar do consumo por correr riscos de, ao ser confeccionado, ficar mais duro. O seu sabor é leve, e por isso ser fácil de as misturar com outros alimentos. Façam uma descoberta e tentem este cogumelo.

As que eu me habituei a comer, desde criança, eram de cultura, em tenda coberta de chapa e terra batida como chão, e vários troncos de olmos, ou negrilhos, estavam dispostos e deitados e que eram aconchegados até um palmo de chão, com terra. Eram diariamente regados, e em tempo quente repetia-se a rega por duas ou três vezes. A sua produção era muito limpa e as repolgas depois de colhidas bastava limpá-las com um pano húmido. O meu avô materno tinha muita dedicação a esta cultura e sempre que o visitava para uma refeição, havia sempre repolgas à mesa. Estas eram grelhadas e regadas com sumo de limão, salteadas com alho, guisadas com legumes ou com chouriço, e muitas vezes em arroz cremoso.

 

Guisado de Repolgas

(À Moda de Minha Mãe)

 

350 g de Repolgas

1 Cebola média

1 Cenoura

2 colheres de sopa de Azeite

1 Ovo

1 colher de chá de Vinagre

1 Pão (papo seco)

Salsa

Sal

Pimenta

 

 

Primeiro tem-se o cuidado de lavar bem as repolgas, em várias águas, sendo a última para escaldar. Depois rasgam-se, com as mãos, as maiores para lhes reduzir o tamanho.

 

Coloca-se uma frigideira alta, ao lume, com o azeite, a cebola picada e a cenoura cortada às rodelas. Deixa-se refogar até que a cebola fique transparente.

Juntam-se as repolgas e deixam-se a refogar, tendo em atenção que largam muita água. Tempera-se a gosto com sal e pimenta.

Quando as repolgas estiverem cozidas juntam-se pedaços de pão cortado grosseiramente com as mãos e mexe-se tudo até o pão estar ensopado.

Retira-se do lume e junta-se o ovo batido com o vinagre e salsa picada, e volta-se a mexer.

Estão prontas a comer.

Podem servir de petisco, ou guarnição de um prato.

 

Bom apetite, e acompanhem com vinho.

 

 

© Virgílio Nogueiro Gomes   

 

Foto de Adriana Freire