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Capítulo da Primavera da Confraria dos Enófilos e dos Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro em Lisboa 16 de Maio de 2009

 

 

 

Realizou-se Sábado em Lisboa o Capítulo da Primavera desta Confraria. Naturalmente os objectivos são a defesa e divulgação dos valores culturais da Gastronomia e Vinhos daquela região.

O Capítulo foi constituído por uma cerimónia que decorreu no Museu Militar durante a qual foram aceites quatro Confrades Iniciados e entronizados e confirmados três como Confrades Irmãos. Foi também entronizado um Confrade de Mérito.

 

O ponto alto do Capítulo foi a homenagem prestada ao Confrade Roger Teixeira Lopes pela sua actividade como editor de prestígio, e pela sua dedicação à Confraria.

 

Terminada a cerimónia no Museu Militar os Confrades e convidados dirigiram-se em procissão ao Restaurante Bica do Sapato onde decorreu o almoço sobre o qual escreverei de seguida.

 

Começaram com um aperitivo de Vinho do Porto seco acompanhado de pequenos covilhetes de petiscos nortenhos.

Já sentados à mesa surge-nos uma Bola de codorniz e alheira de Vinhais com rebentos Primaveris. Todos conhecem a tradição de bolas e pães de carnes. Esta apresenta a novidade de ser recheada com carne de codorniz envolta em óptima alheira de Vinhais, uma das capitais dos enchidos transmontanos. Para completar uns rebentos verdes e uma emulsão de azeite com ervas. Fantástico.

Depois Os tentáculos de polvo frito a abraçar um caldinho de coentros com bagos de arroz. Foi possivelmente a grande surpresa da refeição. Um caldo ligeiro de coentros com os anunciados bagos de arroz e também feijão vermelho correctamente “al punto”. O caldinho era apresentado com o arroz em monte levantado sobre o qual estavam colocados os tentáculos de polvo com ligeira fritura. Servido em quantidade esteticamente correcta, se fosse em dose duplo estaríamos perante uma sopa capaz de ser uma refeição completa que apetece copiar.

O prato de resistência foi Naco de vitela com crosta de chouriça moira, ervilha torta, batata e presunto numa roupa velha. É isto que a boa cozinha contemporânea tem de extraordinário: tomando como base cozinha simples aliada a um conceito de cozinha de produtos revela-nos receitas surpreendentes que nos levam, por vezes, a memórias de infância. A vitela era jovem, como seria de esperar, a crosta feita de boa chouriça e bem crocante, e a roupa velha que misturava uma batata consistente com as ervilhas tortas e uma juliana de bom presunto.

Para terminar uma Bola doce Mirandesa com gelado de mel de alfazema. Uma recriação da famosa Bola Mirandesa que foi servida cortada em quadrados, e morna de temperatura, com um gelado de mel de alfazema cuja sugestão era colocar na boca em simultâneo as duas iguarias.

 

Os vinhos também merecem uma citação. Claro que para uma boa refeição também bons vinhos. Vinho Branco Aneto, Vinho Tinto Terrus Douro 2005, e para a sobremesa Aneto Late Harvest.

 

Não se tratava de uma refeição regional de Trás-os-Montes e Alto Douro mas sim uma refeição de influência regional com uma revisitação do próprio restaurante onde pontua um transmontano de prestígio Fernando Fernandes.

Parabéns às equipas da Bica do Sapato.

 

 

No final da refeição foi apresentado o número dois da revista Bebes.Comes, órgão da Confraria.

 

A noite continuou, e para alguns até de madrugada, no LUX em grande animação.

 

Domingo de manhã um grupo visitou o Palácio Nacional da Ajuda, tendo a visita sido orientada para as particularidades e circunstâncias da mesa.

 

(C) Virgílio Nogueiro Gomes