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Título: Coisas Que Eu Sei

Autor: Maria de Lourdes Modesto

Editora: Oficina do Livro / LeYa

ISBN: 978-989-665-722-7

Coisas Que Eu Sei é o título do último livro de Maria de Lourdes Modesto. Acabadinho de sair do “forno”, já em venda nas livrarias, aqui o apresento quase em modo de celebração do aniversário da autora que ocorre a 1 de junho.

A autora dispensa apresentações. Este livro é composto por crónicas, algumas publicadas há vários anos no jornal Diário de Notícias de Lisboa, atualizadas, mas tem outros textos e receitas. No delicioso texto «Enquanto é tempo…» a autora conta como se encantou, apaixonou, pela cozinha portuguesa e a forma como organizou este livro. Na sua forma de comunicar, simples e precisa, por vezes irónica ou bem-humorada, é um prazer ler os seus textos. Mesmo as receitas vão muito para além dos ingredientes e formas de confeção.

Deliciem-se a ler desde a tradição das «Açordas» do seu Alentejo, até aos segredos da «Marmelada Branca de Odivelas», a alguns atrevimentos de cozinha internacional e uma visão das modernidades. Enganam-se todos aqueles que acham que a sua cozinha é antiquada. Tomaram muitos dos que se acham modernos ter os seus conhecimentos mesmo as novidades da cozinha contemporânea. A autora sempre quis estar a par de toda a evolução da cozinha.

Por sua vontade este livro não tem fotografias. Os textos completam-se com a elegância das ilustrações de João Pedro Cochofel.

Permito-me transcrever uma parte do texto de Enquanto é tempo…: «Para o bem e para o mal, Portugal vive um momento de grande euforia gastronómica. Se é verdade que hoje, ao contrário do que acontecia há 50 anos, já é possível encontrar na restauração cozinha tradicional em todo o país, não é menos verdade de que o risco de desfiguração e perda se tornou superlativo.

Em nome da cozinha portuguesa e da sua defesa vêm-se nalguns grandes restaurantes verdadeiros atentados à nossa memória coletiva. Em seu nome, faz-se o que se faz em todo o mundo, sem o menor sinal do que em gastronomia nos diferencia.

Não pensem que têm pela frente a padeira de Aljubarrota da cozinha tradicional, inflexível a qualquer mudança. Apenas se pede que separem as águas – a chamada cozinha de autor não tem memória, é por regra, irrepetível. A tradicional é factor de identificação de uma região, de um grupo, de um país, e quer-se bem copiada.»

Parabém a Maria de Lourdes Modesto.

© Virgílio Nogueiro Gomes