CLARO, Vitor Claro!

 

 

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Vista a partir do restaurante

Lembro-me de conhecer o Vitor Claro quando abriu o seu estabelecimento “Pica no Chão”, na rua do Século. O que recordo, mais do que a comida, foi a sua determinação e mostrar que sabia o que queria. Depois acompanhei a sua carreira e afirmou o seu estilo próprio, que definiu como fazedor de uma cozinha simples, leve, honesta e cheia de sabor. Mas a sua cozinha vai muito para além desta aparente simplicidade. É uma cozinha que se poderá apelidar de pensada e justificada. As suas opções são objeto de estudo, seguramente experimentações e apresentação final com as explicações que o levaram à solução final.

Abriu este restaurante Claro em 2012. Falha minha só agora lhe dedicar atenção, e escrita. Verão o que foi um almoço para o qual aceitei as sugestões de vinhos da casa. O restaurante é integrado no estabelecimento hoteleiro Solar das Palmeiras, na Avenida Marginal no início de Paço de Arcos. O prazer de olhar para o rio/mar é plenamente acompanhado pela riqueza à mesa. Mais um exemplo, do que tenho vindo a afirmar, que cada vez se come melhor em hotéis!

Eis a refeição:

 

 

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Para abrir o apetite

 

 

 

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“Bacalhau à Conde da Guarda”- Este prato está a transformar-se num clássico de Vitor Claro. A aceitação da sua visão desta receita leva a que se mantenha na carta desde o início. A receita original deve o seu prestígio ao Chefe João Ribeiro que a incluiu na lista do desaparecido Hotel Aviz. Apesar de a receita ter sido publicada em 1933 por Manuel Ferreira é no Aviz que se torna famosa. No Claro, a junção do tomate dá-lhe uma frescura que o torna tão atrativo.

 

 

 

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Para os pratos seguintes

 

 

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“Ravioli de Gambas à Santi Santamaria”- Justa homenagem a este grande chefe que foi o primeiro chefe de cozinha catalão a ter 3 estrelas Michelin, 1994, com o seu célebre restaurante El Racó de Can Fabes em Saint Celoni, próximo de Barcelona e que encerrou em 2013 após a morte prematura de Santi em 2011. Bom aplauso para Santi pois Vitor Claro trabalhou no seu restaurante. Santi Santamaria ficará na história da nova cozinha espanhola.

 

 

 

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“Linguado à Delícia” – Feito em filetes, esta receita vulgarizou-se desde o início do século XX, e em particular nos restaurantes da linha de Cascais. O nome vem-lhe da utilização de banana e neste Banana da Madeira e a novidade de cornichons em pickles. Prato elegante ajudando a memória.

 

 

 

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Um tinto para a carne

 

 

 

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“Novilho Wellington” – De facto costeletas de novilho com um “Wellington” de foiegras. A carne ligeiramente no lume e a subtileza do folhado a embrulhar o foiegras, e ainda uns espinafres e molho da carne. Tudo com elegância, precisão e frescura como o chefe se propõe.

 

 

 

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O último orgulho de Vitor Claro que também é produtor de vinhos no Alto Alentejo. Depois de Dominó, agora Foxtrot, um vinho leve com sabor a memórias do campo, acidez qualificada e baixo teor alcoólico, 12º

 

 

 

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“Queijo de Cabra da Maçussa” – seguramente o melhor chèvre português, produzido por Adolfo Henriques.

 

 

 

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“Massapão e Maracujá” – Um delicioso queijinho de massapão com recheio de um doce de ovo com maracujá. Irrecusável a apetecer repetir. Possivelmente inspirado nos doces de matriz conventual, chave de ouro para terminar a refeição.

Volto às palavras do chefe: Tentamos não surpreender com o fácil. Acreditamos na emoção e na simplicidade alcançada. E muito bem. Porque demorei tanto tempo em vir aqui?

© Virgílio Nogueiro Gomes

 

Restaurante CLARO  ENCERROU
Hotel Solar Palmeiras
Av Marginal, Curva das Palmeiras
2780-749 Paço de Arcos

TL 214 414 231

Das 12h30 às 14h30 e das 19h30 às 22h00 – Encerra 2ª e 3ª feira

Tem estacionamento