Este é um produto que faz parte das minhas memórias salivares desde que me reconheço. Sempre que se realizavam viagens até ao Peso da Régua, ou na passagem por Vila Real para deslocações ao Porto, havia sempre uma encomenda com rebuçados da Régua. Depois a lembrança da paragem do comboio na Régua onde vendedeiras apregoavam os rebuçados.
Também me lembra de em Bragança haver uma senhora (que vivia no Calejo das Pedras junto à casa da Maria do Loreto), que veio da Régua, e que preparava e vendia rebuçados, na rua, sempre vestida de bata branca.
Pedi a receita ao meu amigo António Monteiro, enciclopédia viva das tradições transmontanas, que me enviou de pronto e transcrevo:
“Leve o açúcar a ponto de rebuçado com duas cascas de limão e o sabor de uma ou duas ervas aromáticas (é o segredo das rebuçadeiras). Vaze-o numa pedra de mármore ou de lousa, previamente untada com manteiga ou margarina (antigamente, com banha ou azeite), e, enquanto estiver quente, vá cortando os rebuçados um a um, para depois os embrulhar em forma de laçarotes.
Nota: os aromas podem variar muito; vão do mel ao tomilho, da canela à infusão de flor de laranjeira... As temperaturas de aquecimento do açúcar também têm influência na coloração dos rebuçados, mais ou menos escuros, assim como a utilização do tipo de açúcar (branco ou amarelo)...” O papel de embrulho é o vegetal, lembrando os famosos doces embrulhados saídos de conventos.
Aqui fica o registo. Gostaria de que se vendessem no resto da País, agora que parece haver legiões a defender o que é nosso.
Recentemente estive um fim de semana perto da Régua, numa muito agradável estada na Quinta da Pacheca, e desloquei-me ao Peso da Régua para comprar rebuçados dos quais fiz a foto que ilustra esta crónica de verão.
Divirtam-se de férias e procurem o que é nosso.
© Virgílio Nogueiro Gomes
Julho 2011